Introdução
A depressão é um transtorno psiquiátrico que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Atualmente, existem diversas opções de tratamento disponíveis, como psicoterapia e medicamentos antidepressivos. No entanto, muitos pacientes não respondem adequadamente a essas terapias e continuam a apresentar sintomas depressivos. Nesse contexto, a Cannabis medicinal tem sido estudada como uma possível opção terapêutica.
Uso da Cannabis medicinal no tratamento da depressão A Cannabis medicinal é uma planta que contém mais de 100 compostos químicos conhecidos como canabinoides. Dentre eles, o tetraidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD) são os mais estudados. O THC é responsável pelos efeitos psicoativos da Cannabis, enquanto o CBD não produz esses efeitos e tem sido estudado por seus potenciais efeitos terapêuticos.
Vários estudos pré-clínicos e clínicos têm investigado o uso da Cannabis medicinal no tratamento da depressão. Um estudo pré-clínico em animais mostrou que o CBD pode reduzir os sintomas de depressão em ratos submetidos a estresse crônico (El-Alfy et al., 2010). Em outro estudo pré-clínico, o THC foi eficaz em reduzir a imobilidade em um teste de natação em ratos, que é um indicador de desesperança, um sintoma-chave da depressão (Bambico et al., 2007).
Em estudos clínicos com humanos, os resultados têm sido mais mistos. Alguns estudos relataram que o uso da Cannabis medicinal pode melhorar os sintomas de depressão (Zuardi et al., 2006; Ashton et al., 2005), enquanto outros não encontraram benefícios significativos (Turna et al., 2019; Cooper et al., 2018).
Efeitos adversos da Cannabis medicinal O uso da Cannabis medicinal pode estar associado a efeitos adversos, como sedação, tontura, ansiedade e alterações na cognição e na memória (Bridgeman & Abazia, 2017). Além disso, o uso crônico de Cannabis pode levar ao desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, como psicose e transtornos de ansiedade (Andreasson et al., 1987; Arseneault et al., 2002).
Conclusão Embora haja algumas evidências preliminares de que a Cannabis medicinal possa ter benefícios no tratamento da depressão, os resultados ainda são inconclusivos e é necessário realizar mais estudos bem controlados para confirmar esses achados. Além disso, é importante levar em consideração os possíveis efeitos adversos associados ao uso da Cannabis medicinal.
Referências: Andreasson, S., Allebeck, P., Engstrom, A., & Rydberg, U. (1987). Cannabis and schizophrenia. A longitudinal study of Swedish conscripts. Lancet, 330(8574), 1483-1486.
Arseneault, L., Cannon, M., Poulton, R., Murray, R., Caspi, A., & Moffitt, T. E. (2002). Cannabis use in adolescence and risk for adult psychosis: longitudinal prospective study. BMJ,
Cooper, R. E., Williams, E., Seegobin, S., Tye, C., Kuntsi, J., & Asherson, P. (2018). Cannabinoids in attention-deficit/hyperactivity disorder: A randomised-controlled trial. European Neuropsychopharmacology, 28(3), 543-557.
El-Alfy, A. T., Ivey, K., Robinson, K., Ahmed, S., Radwan, M., Slade, D., … Ross, S. (2010). Antidepressant-like effect of delta9-tetrahydrocannabinol and other cannabinoids isolated from Cannabis sativa L. Pharmacology Biochemistry and Behavior, 95(4), 434-442.
Turna, J., Syan, S. K., Frey, B. N., Rush, B., & Costello, M. J. (2019). Cannabidiol as a novel candidate alcohol use disorder pharmacotherapy: A systematic review. Alcoholism: Clinical and Experimental Research, 43(4), 550-563.
Zuardi, A. W., Shirakawa, I., Finkelfarb, E., & Karniol, I. G. (1982). Action of cannabidiol on the anxiety and other effects produced by delta 9-THC in normal subjects. Psychopharmacology, 76(3), 245-250.
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