A Cannabis medicinal contém mais de 100 compostos chamados de canabinoides, sendo o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD) os mais conhecidos. Esses canabinoides agem no sistema endocanabinoide do corpo, que regula várias funções corporais, incluindo a dor, a inflamação e a resposta imunológica. O THC é conhecido por ter propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, enquanto o CBD tem propriedades anti-inflamatórias e ansiolíticas.
Vários estudos foram realizados para avaliar o uso de Cannabis medicinal no tratamento de doenças ortopédicas, especialmente dor crônica. Uma revisão sistemática publicada em 2020, que analisou 17 estudos sobre o uso de Cannabis medicinal no tratamento da dor crônica, concluiu que a Cannabis pode ser eficaz no alívio da dor, mas que ainda são necessárias mais pesquisas para determinar a dosagem ideal e os efeitos colaterais a longo prazo.
Outros estudos também investigaram o uso de Cannabis medicinal em condições específicas, como osteoartrite e dor neuropática. Um estudo de 2017 publicado no Journal of Pain Research mostrou que o uso de uma combinação de THC e CBD reduziu significativamente a dor e melhorou a qualidade do sono em pacientes com osteoartrite. Um estudo de 2019 publicado no Journal of Bone and Mineral Research mostrou que o CBD pode ser eficaz na redução da dor neuropática em ratos.
Um dos usos mais comuns de Cannabis Medicinal em ortopedia é o tratamento da dor crônica. A dor crônica é um sintoma comum em muitas condições ortopédicas, como artrite, dor lombar e fibromialgia. Estudos têm sugerido que a Cannabis Medicinal pode ajudar a reduzir a dor em pacientes com dor crônica, incluindo pacientes com artrite reumatoide (Blake et al., 2018; Fitzcharles et al., 2016). O uso de Cannabis Medicinal também foi associado a uma redução no uso de opioides em pacientes com dor crônica (Haroutounian et al., 2016).
Além da dor, a Cannabis Medicinal também tem sido estudada por seus efeitos no tratamento de condições ortopédicas inflamatórias, como a artrite. Estudos em animais sugerem que o CBD pode ter efeitos anti-inflamatórios e imunomoduladores que podem ser úteis no tratamento da artrite (Hammell et al., 2016). Outro estudo descobriu que a Cannabis Medicinal pode ajudar a melhorar a qualidade do sono em pacientes com dor crônica relacionada à artrite (Nagarkatti et al., 2010).
A forma como a Cannabis medicinal é administrada também pode afetar sua eficácia no tratamento ortopédico. A maioria dos estudos sobre o uso de Cannabis medicinal para a dor crônica usou a via oral, como cápsulas ou óleos, enquanto outros estudos usaram a via inalatória, como fumar ou vaporizar a planta. A escolha da via de administração pode depender de vários fatores, incluindo a preferência do paciente, a rapidez de ação desejada e a duração do efeito.
No entanto, o uso de Cannabis medicinal não é isento de riscos. Os efeitos colaterais podem incluir tontura, fadiga, boca seca, mudanças de humor e disfunção cognitiva. Além disso, a Cannabis pode interagir com outros medicamentos que o paciente esteja tomando, incluindo opioides.
Conclusão:
A Cannabis medicinal pode ser uma opção terapêutica eficaz para o tratamento de doenças ortopédicas, especialmente a dor crônica. No entanto, ainda são necessárias mais pesquisas para determinar a dosagem ideal e os efeitos colaterais a longo prazo. Os médicos devem estar cientes dos potenciais benefícios e riscos do uso de Cannabis medicinal em pacientes com doenças ortopédicas e discutir essas opções com seus pacientes. Além disso, é importante que os pacientes obtenham a Cannabis medicinal de fontes confiáveis e legais, a fim de garantir sua segurança e eficácia.
Referências:
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