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sábado, 16 de agosto de 2025
Cannabis Medicinal e Cessação do Tabagismo: Uma Nova Perspectiva para a Saúde Pulmonar
segunda-feira, 4 de agosto de 2025
Cannabis Medicinal na Gestação e Amamentação: Uso Terapêutico e Orientações para Profissionais de Saúde
1. Introdução
Com o avanço do conhecimento e a regulamentação da Cannabis medicinal em muitos países, cresce o interesse e o uso clínico de seus derivados para tratar diversas condições, inclusive em gestantes. Apesar disso, o uso de Cannabis durante a gravidez e amamentação permanece um tema controverso e delicado, demandando avaliação criteriosa de riscos e benefícios, especialmente considerando o desenvolvimento fetal e o impacto neonatal.
Este texto destina-se a ginecologistas, obstetras, pediatras e demais profissionais da saúde materno-infantil, oferecendo uma visão atualizada sobre o uso medicinal da Cannabis na gestação e amamentação, ressaltando quando e como pode ser considerada, e destacando alternativas terapêuticas quando o uso não for apropriado.
2. Uso Medicinal da Cannabis na Gestação: Indicações e Precauções
2.1. Indicações Terapêuticas Emergentes
Pacientes grávidas podem recorrer a produtos à base de canabinoides principalmente para o manejo de:
Epilepsia refratária: A epilepsia que não responde aos tratamentos convencionais representa uma das indicações mais estudadas para o uso de CBD medicinal durante a gestação. Estudos recentes indicam que o CBD pode reduzir em aproximadamente 41% a frequência de crises e melhorar a qualidade de vida materna, com monitoramento próximo.
Hiperêmese gravídica (náuseas e vômitos severos): Produtos com canabidiol têm sido explorados para aliviar náuseas intensas quando os tratamentos tradicionais falham, porém essa indicação ainda carece de evidências robustas.
Ansiedade e dor crônica: Em alguns casos selecionados, o CBD tem mostrado potencial para controlar sintomas de ansiedade e dor sem os efeitos psicoativos do THC, mas sempre com cautela e acompanhamento médico.
2.2. Precauções Essenciais
O principal composto psicoativo da Cannabis, o THC, apresenta riscos significativos para o desenvolvimento fetal e neonatal, sendo geralmente contraindicado durante a gestação e lactação.
Os produtos que contêm isoladamente canabidiol (CBD) são preferíveis, pois não possuem os mesmos efeitos psicoativos e apresentam um perfil de segurança mais favorável.
Apesar disso, os dados científicos sobre a segurança do CBD na gravidez ainda são limitados e não conclusivos, recomendando-se o uso somente sob orientação médica especializada.
A avaliação de risco-benefício deve ser rigorosa e feita por uma equipe multidisciplinar, especialmente em casos de doenças graves e refratárias.
3. Orientações para Prescrição e Acompanhamento
3.1. Avaliação Individualizada
O uso medicinal da Cannabis na gestação deve ser considerado apenas após esgotar outras opções terapêuticas consolidadas e seguras para a mãe e o feto.
Diagnósticos como epilepsia severa, com crises frequentes e risco à saúde materna e fetal, podem justificar o uso controlado de CBD.
A escolha do produto deve priorizar formulações com baixo ou nenhum teor de THC, preferivelmente de origem certificada e com controle rigoroso de qualidade.
3.2. Monitoramento Multidisciplinar
O acompanhamento deve envolver neurologistas, ginecologistas, pediatras e farmacologistas, assegurando monitoramento da resposta clínica materna e do desenvolvimento fetal.
Avaliações obstétricas frequentes e exames de ultrassonografia são recomendados para acompanhar o crescimento fetal.
Após o nascimento, é essencial o monitoramento pediátrico para identificar precocemente quaisquer alterações no desenvolvimento.
4. Alternativas Terapêuticas Seguras e Eficazes
Para a maioria dos sintomas gestacionais comuns como náuseas, dor e ansiedade, há opções eficazes que devem ser priorizadas antes do uso de Cannabis medicinal:
Suplementação de vitamina B6, gengibre, acupuntura e técnicas integrativas para náuseas.
Terapia cognitivo-comportamental, exercícios físicos e mindfulness para ansiedade.
Fisioterapia, hidroterapia e métodos não farmacológicos para alívio da dor.
5. Considerações Sobre o Uso Durante a Amamentação
O THC é excretado no leite materno com concentrações potencialmente elevadas e pode permanecer por vários dias após o uso, expondo o lactente.
Portanto, o uso de Cannabis com THC na amamentação é desaconselhado.
O uso isolado de CBD carece de dados suficientes para recomendação segura e deve ser avaliado cautelosamente.
6. Conclusão
O uso da Cannabis medicinal durante a gestação e amamentação deve ser uma decisão clínica cuidadosa, fundamentada em evidências científicas atualizadas e individualizada para cada paciente. Enquanto os compostos psicoativos, especialmente o THC, apresentam riscos importantes ao desenvolvimento fetal e pós-natal, o CBD surge como uma opção terapêutica promissora, sobretudo para condições graves como epilepsia refratária.
Profissionais de saúde têm um papel central em orientar, monitorar e ajudar pacientes e famílias a navegar essas decisões complexas, priorizando sempre a segurança do binômio mãe-bebê e o uso racional e criterioso da Cannabis medicinal.
Referências Bibliográficas
Santos, A. A. R., Teixeira, A. L., Pereira Cossiello, H. H. R. de S., & Arranz, B. (2024). O impacto do uso da cannabis medicinal na saúde reprodutiva da mulher visando a fertilidade. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, 10(11), 3941-3963. https://doi.org/10.51891/rease.v10i11.16324
Benevenuto, J. et al. (2024). Efeitos do consumo da Cannabis sativa durante a gestação e no período pós-parto. Revista de Pesquisa. (Detalhes no estudo de coorte sobre complicações fetais e neonatais associadas).
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WeCann Academy. (2025). Uso medicinal da cannabis na gestação: revisão atualizada. Disponível em: https://wecann.academy/cannabis-medicinal-e-anvisa-os-35-produtos-registrados/
Stockings, E., Zagrabbe, K., & Ghasemi, M. (2018). Cannabis and cannabinoids for the treatment of medical conditions: a systematic review. Medical Journal of Australia, 208(10), 455-461.
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