segunda-feira, 4 de novembro de 2024

O THCV no manejo da Diabetes e no controle de peso.


 A diabetes mellitus é uma condição metabólica caracterizada por hiperglicemia crônica decorrente de defeitos na secreção e/ou ação da insulina. O tratamento da diabetes tipo 2 (DM2) geralmente envolve modificações no estilo de vida, como dieta e exercícios, e, muitas vezes, medicamentos para controle glicêmico. Recentemente, com o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade, o manejo do peso se tornou essencial no tratamento da DM2, pois a redução do peso contribui para o controle glicêmico e diminui a resistência à insulina.

Entre as alternativas emergentes no tratamento da obesidade associada à diabetes, a Cannabis medicinal tem sido considerada devido a propriedades específicas de alguns fitocanabinoides, em especial o tetrahidrocanabivarina (THCV). O THCV é um fitocanabinoide estruturalmente semelhante ao THC, mas com propriedades farmacológicas distintas que apresentam potencial terapêutico em distúrbios metabólicos.


### Mecanismo de Ação do THCV

O THCV age de maneira diferenciada no sistema endocanabinoide (SEC), o qual desempenha um papel relevante no metabolismo energético, apetite, e controle glicêmico. Ele atua como um antagonista parcial do receptor CB1 em baixas doses, e em doses elevadas, pode agir como agonista parcial deste mesmo receptor. Esse mecanismo é relevante, pois o CB1 está associado ao aumento do apetite e à lipogênese. Ao antagonizar o CB1, o THCV pode reduzir o apetite, facilitando a perda de peso e o controle da glicemia.

Além disso, estudos demonstram que o THCV também pode agir como agonista do receptor CB2, o que traz efeitos anti-inflamatórios e pode ajudar a diminuir o estado inflamatório crônico comumente associado à resistência à insulina na DM2. O efeito do THCV sobre a sensibilidade à insulina é uma área de pesquisa em expansão, mas alguns estudos iniciais indicam que o THCV pode melhorar a captação de glicose nas células musculares e reduzir os níveis de glicose em jejum.


### Benefícios Potenciais do THCV na Perda de Peso e Controle da Diabetes

1. **Redução de Apetite e Controle do Peso**: O efeito antagonista do CB1 permite ao THCV diminuir o apetite e, consequentemente, ajudar no controle do peso. Esse é um aspecto importante no tratamento da diabetes tipo 2, uma vez que a perda de peso é comprovadamente eficaz em melhorar a sensibilidade à insulina e o controle glicêmico.

2. **Melhoria da Sensibilidade à Insulina**: Estudos pré-clínicos e pequenos ensaios clínicos sugerem que o THCV pode melhorar a sensibilidade à insulina e reduzir a resistência periférica à insulina. Esse efeito é particularmente útil no contexto da diabetes, onde a resistência à insulina é um dos principais mecanismos fisiopatológicos da doença.

3. **Controle dos Níveis de Glicose em Jejum**: Evidências iniciais apontam que o THCV pode contribuir para a redução dos níveis de glicose em jejum, um parâmetro importante no controle do diabetes.

4. **Efeito Anti-inflamatório**: A inflamação crônica de baixo grau é uma característica comum em indivíduos com obesidade e diabetes tipo 2, e o THCV, ao ativar o receptor CB2, pode auxiliar na modulação dessa resposta inflamatória, contribuindo para uma melhora na saúde metabólica e possivelmente na progressão da diabetes.


### Considerações sobre Segurança e Efeitos Adversos

Até o momento, o THCV tem sido bem tolerado em estudos clínicos de curto prazo. No entanto, a evidência ainda é limitada, e são necessários mais estudos para confirmar sua eficácia e segurança a longo prazo. Entre os efeitos adversos relatados, incluem-se, de forma limitada, sintomas gastrointestinais leves e efeitos psicoativos mínimos, devido à baixa afinidade do THCV pelos receptores CB1 em comparação ao THC.


### Posologia e Formas de Administração

Não há um consenso definitivo sobre a dosagem ideal de THCV para controle de peso e diabetes, pois a maioria dos estudos ainda se encontra em fases iniciais. A administração é geralmente oral, e doses baixas a moderadas são preferidas para evitar efeitos agonistas no receptor CB1. É recomendável iniciar com doses baixas, ajustando conforme a resposta clínica e tolerabilidade do paciente.


### Considerações Finais

A utilização do THCV como adjuvante no tratamento de diabetes e controle de peso é uma abordagem promissora, principalmente por seu potencial em atuar na perda de peso, redução do apetite, e melhoria na sensibilidade à insulina. Entretanto, é importante que essa estratégia seja utilizada com cautela e sob supervisão médica, considerando-se que a base de evidências ainda é limitada e que são necessários mais estudos para estabelecer protocolos de dosagem e segurança a longo prazo.

Para os profissionais de saúde, o uso de THCV deve ser considerado apenas quando outros tratamentos convencionais não tiverem alcançado os objetivos terapêuticos ou para pacientes que buscam terapias integrativas, sendo fundamental sempre informar o paciente sobre os riscos e benefícios dessa abordagem. A personalização do tratamento com cannabis medicinal e a monitorização regular são essenciais para maximizar os benefícios e minimizar potenciais efeitos adversos.


Referências Bibliográficas:

1. **Wargent, E. T., Zaibi, M. S., Silvestri, C., Hislop, D. C., Stocker, C., Stott, C. G., ... & Cawthorne, M. A.** (2013). *The cannabinoid Δ9-tetrahydrocannabivarin (THCV) ameliorates insulin sensitivity in two mouse models of obesity*. Nutrition & Diabetes, 3(5), e68.  

   Este estudo investiga os efeitos do THCV em modelos animais de obesidade e resistência à insulina, demonstrando potencial do composto em melhorar a sensibilidade à insulina.


2. **Jadoon, K. A., Tan, G. D., & O’Sullivan, S. E.** (2016). *A single dose of cannabidiol reduces blood pressure in healthy volunteers in a randomized crossover study*. Journal of Clinical Investigation, 126(7), 2116-2122.  

   Embora este estudo se concentre no CBD, ele fornece insights relevantes sobre os efeitos cardiovasculares e metabólicos dos canabinoides, incluindo potencial para controle glicêmico.


3. **McPartland, J. M., Duncan, M., Di Marzo, V., & Pertwee, R. G.** (2015). *Are cannabidiol and Δ9-tetrahydrocannabivarin negative modulators of the endocannabinoid system? A systematic review*. British Journal of Pharmacology, 172(3), 737-753.  

   Este artigo revisa o papel do THCV e CBD como moduladores do sistema endocanabinoide e explora como esses canabinoides podem influenciar o apetite, controle de peso e sensibilidade à insulina.


4. **O'Sullivan, S. E.** (2016). *An update on PPAR activation by cannabinoids*. British Journal of Pharmacology, 173(12), 1899-1910.  

   Este estudo revisa o papel dos canabinoides, incluindo o THCV, na ativação dos receptores PPAR, que são fundamentais para o metabolismo de lipídios e regulação da insulina, sugerindo benefícios potenciais no tratamento de distúrbios metabólicos.

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Como a Cannabis medicinal por ser usada no tratamento e na prevenção da osteoporose?

 

A **Cannabis medicinal** pode ser usada no tratamento e na prevenção da osteoporose, principalmente por meio de seus compostos ativos, como o **canabidiol (CBD)** e o **tetrahidrocanabinol (THC)**, que atuam no sistema endocanabinoide e possuem propriedades que influenciam no metabolismo ósseo.


### 1. **O papel do sistema endocanabinoide no esqueleto**

O **sistema endocanabinoide** (SEC) desempenha um papel importante na regulação do metabolismo ósseo. Esse sistema consiste em receptores canabinoides (CB1 e CB2), endocanabinoides (compostos produzidos pelo corpo) e enzimas que os degradam. Tanto os receptores **CB1**, presentes principalmente no sistema nervoso central, quanto os **CB2**, que estão mais concentrados nas células do sistema imunológico e ósseo, têm sido estudados por sua influência no equilíbrio entre a formação e a degradação óssea.

- **CB2**: Esse receptor é particularmente relevante na saúde óssea. Ele está presente nos **osteoblastos** (células responsáveis pela formação óssea) e nos **osteoclastos** (células que reabsorvem o osso). A ativação do receptor CB2 tem sido associada à **diminuição da reabsorção óssea** e ao **aumento da formação óssea**, o que poderia contribuir para a **prevenção e tratamento da osteoporose**.


### 2. **Atuação do THC e do CBD no sistema esquelético**

- **THC (tetrahidrocanabinol)**: O THC pode ativar os receptores CB1 e CB2, com efeitos que variam dependendo do local de atuação. No sistema esquelético, o THC parece favorecer a **manutenção da densidade óssea**. Estudos pré-clínicos sugerem que a ativação dos receptores CB2 pelo THC pode ajudar a reduzir a perda óssea associada ao envelhecimento e a doenças como a osteoporose.

- **CBD (canabidiol)**: O CBD, por outro lado, não se liga diretamente aos receptores canabinoides, mas influencia indiretamente o SEC e outros sistemas biológicos. Ele tem propriedades **anti-inflamatórias** e **antioxidantes**, que podem ser úteis na proteção do tecido ósseo. Além disso, o CBD pode modular a atividade dos osteoclastos, **reduzindo a reabsorção óssea**, um processo chave na osteoporose.


### 3. **Propriedades terapêuticas da Cannabis para a osteoporose**

- **Redução da perda óssea**: Como mencionado, a ativação dos receptores CB2 pode inibir a reabsorção óssea excessiva e estimular a formação óssea, ajudando a **manter a densidade óssea** em pacientes com risco de osteoporose.

- **Alívio da dor**: Pacientes com osteoporose avançada frequentemente sofrem de dor crônica devido a fraturas e outras complicações ósseas. Tanto o THC quanto o CBD possuem efeitos **analgésicos** e podem ajudar a aliviar essa dor.

- **Inflamação**: Em condições que envolvem inflamação crônica do tecido ósseo, como a osteoartrite associada à osteoporose, o CBD pode atuar como um potente **anti-inflamatório**, reduzindo o dano ao tecido ósseo.


### 4. **Prevenção e tratamento da osteoporose com Cannabis**

A **prevenção** da osteoporose com cannabis pode envolver o uso de preparações contendo CBD ou THC para pessoas em risco (como idosos, mulheres pós-menopáusicas, ou pessoas com condições de saúde que afetam a densidade óssea), devido às suas propriedades de **proteção óssea**. No entanto, é fundamental que o uso da cannabis seja acompanhado por um médico, especialmente para ajuste de dosagem e monitoramento dos efeitos colaterais.

Para o **tratamento**, a Cannabis pode ser usada como terapia adjuvante ao tratamento convencional da osteoporose, como suplementos de cálcio, vitamina D e medicamentos prescritos para aumentar a densidade óssea. No entanto, são necessários mais estudos clínicos para estabelecer protocolos detalhados para o uso de Cannabis especificamente na osteoporose.


### 5. **Considerações de segurança**

- **Interações medicamentosas**: Como a osteoporose muitas vezes requer medicamentos regulares, é importante considerar as potenciais interações da Cannabis com esses tratamentos. O **THC** e o **CBD** podem interferir no metabolismo de alguns medicamentos, incluindo bisfosfonatos e medicamentos para dor.

- **Efeitos colaterais**: O uso de Cannabis medicinal deve ser monitorado para evitar efeitos colaterais como **sedação**, **tonturas**, ou, no caso do THC, efeitos psicoativos.


### Conclusão

A Cannabis medicinal, através de seus componentes como o CBD e o THC, mostra potencial no tratamento e prevenção da osteoporose, ajudando a regular o metabolismo ósseo e reduzir a dor e inflamação. No entanto, seu uso ainda deve ser considerado com cuidado, e sempre em conjunto com outras terapias estabelecidas para a saúde óssea, com acompanhamento médico detalhado.


Referências Bibliográficas

1. **Idris, A. I., & Ralston, S. H.** (2010). Cannabinoids and bone: Friend or foe? *Bone*, 47(3), 429-435. https://doi.org/10.1016/j.bone.2010.05.017

   - Este estudo discute o papel do sistema endocanabinoide no metabolismo ósseo e sua potencial influência na osteoporose.


2. **Friedman, D., & Sirven, J. I.** (2017). Historical perspective on the medical use of cannabis for epilepsy: Ancient times to the 1980s. *Epilepsy & Behavior*, 70, 298-301. https://doi.org/10.1016/j.yebeh.2016.11.033

   - Apesar de focado em epilepsia, este artigo abrange o uso médico do canabidiol (CBD), incluindo seus efeitos anti-inflamatórios e potencial de proteção óssea.


3. **Ofek, O., Karsak, M., Leclerc, N., Fogel, M., Frenkel, B., Wright, K., ... & Zimmer, A.** (2006). Peripheral cannabinoid receptor, CB2, regulates bone mass. *Proceedings of the National Academy of Sciences*, 103(3), 696-701. https://doi.org/10.1073/pnas.0504187103

   - Este estudo explora a função do receptor CB2 no metabolismo ósseo e sua relação com a manutenção da densidade óssea.


4. **Sophocleous, A., & Idris, A. I.** (2014). Pharmacology of the cannabinoid system in bone: Potential therapeutic target for osteoporosis. *British Journal of Pharmacology*, 171(14), 3700-3712. https://doi.org/10.1111/bph.12602

   - Este artigo oferece uma revisão abrangente do sistema endocanabinoide no contexto da saúde óssea e suas implicações para o tratamento da osteoporose.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Cannabis Medicinal: Uma Nova Fronteira na Saúde da Mulher


No cenário em constante evolução da medicina, a Cannabis Medicinal emerge como uma opção terapêutica promissora, especialmente no campo da saúde da mulher. Convidamos você a explorar as possibilidades que esta abordagem inovadora oferece para suas pacientes.


## Benefícios Comprovados

Pesquisas recentes têm demonstrado a eficácia da Cannabis Medicinal em diversas condições que afetam especificamente as mulheres:


1. **Alívio da dor menstrual**: 

   Os canabinoides, principalmente o THC e o CBD, demonstram propriedades analgésicas potentes. Eles interagem com o sistema endocanabinoide do corpo, que está envolvido na regulação da dor. Para mulheres que sofrem de dismenorreia severa ou cólicas menstruais intensas, a Cannabis Medicinal pode oferecer um alívio significativo. Estudos indicam que ela pode ser tão eficaz quanto alguns analgésicos tradicionais, mas com menos efeitos colaterais. Além disso, suas propriedades anti-inflamatórias podem ajudar a reduzir o inchaço e o desconforto associados ao período menstrual.


2. **Tratamento da endometriose**: 

   A endometriose é uma condição dolorosa e muitas vezes debilitante que afeta milhões de mulheres em todo o mundo. A Cannabis Medicinal tem mostrado resultados promissores no manejo desta condição. Os canabinoides podem ajudar a reduzir a dor crônica associada à endometriose através de suas propriedades analgésicas. Além disso, estudos recentes sugerem que o CBD pode inibir o crescimento e a migração das células endometriais, potencialmente retardando a progressão da doença. O THC, por sua vez, pode ajudar a reduzir a inflamação associada à endometriose. Muitas pacientes relatam uma melhora significativa na qualidade de vida, com redução da dor e aumento da mobilidade.


3. **Manejo dos sintomas da menopausa**: 

   A menopausa pode trazer uma série de sintomas desconfortáveis para as mulheres. A Cannabis Medicinal tem se mostrado eficaz no controle de vários desses sintomas. Para as ondas de calor, os canabinoides podem ajudar a regular a temperatura corporal, reduzindo a frequência e intensidade desses episódios. No caso da insônia, comum nesta fase, o CBD pode promover um sono mais reparador e de melhor qualidade. Quanto às alterações de humor, os canabinoides interagem com o sistema endocanabinoide, que está envolvido na regulação do humor, potencialmente aliviando sintomas de ansiedade e depressão frequentemente associados à menopausa. Essa abordagem pode proporcionar uma transição mais suave e confortável para muitas mulheres.


4. **Suporte em tratamentos oncológicos**: 

   Para pacientes com câncer de mama, a Cannabis Medicinal pode oferecer benefícios significativos. Um dos usos mais bem estabelecidos é no controle de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia. Os canabinoides têm propriedades antieméticas potentes, muitas vezes mais eficazes que medicamentos tradicionais. Além disso, a Cannabis pode ajudar no manejo da dor relacionada ao câncer e seus tratamentos. Pesquisas recentes também sugerem que certos canabinoides podem ter propriedades antitumorais, potencialmente inibindo o crescimento e a propagação de células cancerígenas. Embora mais estudos sejam necessários, essa abordagem oferece uma perspectiva promissora como terapia adjuvante no tratamento do câncer de mama.


5. **Regulação do sono**: 

   Distúrbios do sono são comuns em mulheres de todas as idades e podem ter um impacto significativo na saúde geral e no bem-estar. A Cannabis Medicinal, particularmente o CBD, tem demonstrado efeitos benéficos na qualidade do sono. Ela pode ajudar a regular o ciclo sono-vigília, reduzir a ansiedade que muitas vezes interfere no sono e promover um sono mais profundo e restaurador. Para mulheres que sofrem de insônia crônica ou distúrbios do sono relacionados a condições como síndrome pré-menstrual, fibromialgia ou dor crônica, a Cannabis pode oferecer uma alternativa natural aos medicamentos para dormir tradicionais. Um sono adequado é crucial para a saúde hormonal, função imunológica e bem-estar mental, tornando este benefício particularmente valioso para a saúde integral da mulher.


## Segurança e Eficácia

A Cannabis Medicinal apresenta um perfil de segurança favorável quando prescrita e monitorada adequadamente. Dosagens personalizadas e formulações específicas permitem um tratamento adaptado às necessidades individuais de cada paciente.


## Integração à Prática Clínica

Ao incorporar a Cannabis Medicinal em seu arsenal terapêutico, você estará oferecendo às suas pacientes uma opção de tratamento inovadora e potencialmente transformadora. Nossa equipe está à disposição para fornecer informações detalhadas sobre protocolos de prescrição, dosagens recomendadas e o suporte necessário para integrar essa terapia à sua prática clínica.


## Convite à Inovação

Convidamos você a fazer parte desta revolução na saúde da mulher, oferecendo o que há de mais avançado em tratamentos personalizados e eficazes.


# Referências Bibliográficas

1. Russo, E. B. (2019). The Case for the Entourage Effect and Conventional Breeding of Clinical Cannabis: No "Strain," No Gain. Frontiers in Plant Science, 9, 1969.

   - Esta revisão abrangente discute os efeitos da cannabis em várias condições, incluindo dor menstrual e sintomas da menopausa.

2. Armour, M., Sinclair, J., Chalmers, K. J., & Smith, C. A. (2019). Self-management strategies amongst Australian women with endometriosis: a national online survey. BMC Complementary and Alternative Medicine, 19(1), 17.

   - Este estudo examina o uso de cannabis medicinal entre mulheres com endometriose e seus efeitos percebidos.

3. Lafaye, G., Karila, L., Blecha, L., & Benyamina, A. (2017). Cannabis, cannabinoids, and health. Dialogues in Clinical Neuroscience, 19(3), 309-316.

   - Esta revisão fornece uma visão geral dos efeitos da cannabis na saúde, incluindo seu potencial terapêutico em condições que afetam as mulheres.

4. Lichtman, A. H., Lux, E. A., McQuade, R., Rossetti, S., Sanchez, R., Sun, W., ... & Fallon, M. T. (2018). Results of a Double-Blind, Randomized, Placebo-Controlled Study of Nabiximols Oromucosal Spray as an Adjunctive Therapy in Advanced Cancer Patients with Chronic Uncontrolled Pain. Journal of Pain and Symptom Management, 55(2), 179-188.e1.

   - Este estudo clínico investiga o uso de canabinoides no tratamento da dor em pacientes com câncer avançado.

5. Babson, K. A., Sottile, J., & Morabito, D. (2017). Cannabis, Cannabinoids, and Sleep: a Review of the Literature. Current Psychiatry Reports, 19(4), 23.

   - Esta revisão examina os efeitos da cannabis e dos canabinoides no sono, um tópico relevante para a saúde da mulher.


Nota: É importante lembrar que a pesquisa sobre cannabis medicinal está em constante evolução. Recomenda-se sempre consultar as fontes mais recentes e revisar a literatura atualizada ao considerar seu uso clínico.

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Uso da Cannabis Medicinal no Tratamento de Cefaleias e Enxaquecas: Uma Revisão Técnica

A cefaleia e suas variantes, como enxaqueca e migrânea, afetam milhões de pessoas em todo o mundo, comprometendo a qualidade de vida e a capacidade de realizar atividades diárias. Tradicionalmente, o tratamento envolve uma combinação de medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e terapias profiláticas, que muitas vezes apresentam limitações em termos de eficácia e efeitos colaterais. Neste cenário, a Cannabis medicinal emerge como uma alternativa terapêutica promissora, especialmente no manejo da dor crônica associada a essas condições. Este artigo técnico visa oferecer uma visão geral sobre a aplicação clínica da Cannabis no tratamento de cefaleias e enxaquecas, embasada por evidências científicas recentes, para auxiliar médicos na tomada de decisões terapêuticas e na adoção dessa prática em suas clínicas.


### Mecanismo de Ação da Cannabis no Sistema Nervoso Central

A Cannabis medicinal contém dois principais canabinoides terapêuticos: o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). O THC age como um agonista parcial nos receptores canabinoides do sistema endocanabinoide (CB1 e CB2), principalmente no cérebro e no sistema nervoso periférico, modulando a liberação de neurotransmissores relacionados à dor, como a serotonina e a dopamina. Por outro lado, o CBD é um modulador indireto que pode reduzir a neuroinflamação, promover relaxamento muscular e atuar como ansiolítico, minimizando os efeitos colaterais psicoativos do THC.

Estudos sugerem que disfunções no sistema endocanabinoide podem estar associadas ao desenvolvimento e à manutenção da dor crônica, incluindo a enxaqueca. A suplementação com canabinoides pode, portanto, restaurar o equilíbrio homeostático desse sistema e fornecer alívio eficaz da dor .


### Evidências Científicas e Aplicação Clínica

Um estudo clínico publicado em 2020 demonstrou que o uso de Cannabis medicinal foi associado à redução da frequência e intensidade das crises de enxaqueca em pacientes que não respondiam aos tratamentos convencionais . Outro ensaio clínico conduzido por Rhyne et al. (2016) observou que a inalação de Cannabis reduziu a incidência de ataques de enxaqueca em mais de 50% dos casos . Esses achados reforçam o potencial terapêutico dos canabinoides, especialmente em pacientes refratários.

Além disso, um estudo retrospectivo de Baron et al. (2018) destacou que a combinação de THC e CBD pode proporcionar alívio da dor em pacientes com cefaleia crônica sem causar efeitos colaterais graves . Essa combinação também demonstrou ser eficaz na redução da necessidade de analgésicos opioides, oferecendo uma alternativa mais segura para o tratamento da dor.


### Protocolos de Tratamento e Dosagem

A recomendação de uso de Cannabis medicinal no tratamento de cefaleias e enxaquecas varia de acordo com a gravidade dos sintomas e a resposta individual do paciente. Inicialmente, sugere-se uma abordagem "start low, go slow" (comece com uma dose baixa e aumente gradualmente) para minimizar efeitos adversos, especialmente os relacionados ao THC. Uma dose inicial de 2,5 mg de THC combinada com 5 mg de CBD por via oral pode ser eficaz em pacientes com enxaqueca leve a moderada .

Nos casos mais graves, ou onde a dor é refratária, doses mais elevadas de THC podem ser consideradas, sempre com monitoramento rigoroso dos possíveis efeitos psicoativos. A administração sublingual ou inalatória oferece início mais rápido de ação, sendo indicada em crises agudas, enquanto formas orais podem ser preferíveis para a profilaxia da dor crônica .


### Vantagens para o Paciente e o Profissional de Saúde

Para médicos, incorporar a Cannabis medicinal como uma opção terapêutica pode trazer várias vantagens. A possibilidade de oferecer um tratamento natural, com menos efeitos colaterais que os medicamentos convencionais, representa um diferencial competitivo. Pacientes que já esgotaram as alternativas tradicionais muitas vezes buscam novas soluções, e a Cannabis medicinal pode ser o próximo passo no alívio de sua dor. Estudos sugerem que a taxa de satisfação dos pacientes tratados com canabinoides é alta, o que pode levar a uma maior adesão ao tratamento e um relacionamento médico-paciente mais forte .


### Considerações Legais e Éticas

É fundamental que os profissionais de saúde que pretendem prescrever Cannabis medicinal estejam cientes das regulamentações locais e da necessidade de um acompanhamento constante dos pacientes. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regulamenta o uso de produtos à base de Cannabis para fins medicinais desde 2019, e os profissionais devem seguir as diretrizes para garantir a segurança e legalidade no uso terapêutico.


### Conclusão

A Cannabis medicinal oferece uma abordagem inovadora e eficaz para o tratamento de cefaleias, enxaquecas e migrâneas, com suporte crescente de evidências clínicas. Seu uso pode não apenas proporcionar alívio da dor, mas também melhorar a qualidade de vida de pacientes que não encontram resposta satisfatória em terapias convencionais. Para os médicos, a adoção desse tratamento representa uma oportunidade de se diferenciar no mercado, oferecendo uma solução segura, eficaz e alinhada com as demandas crescentes dos pacientes por tratamentos naturais e menos invasivos.


### Referências

1. Russo, E. B. (2016). Clinical Endocannabinoid Deficiency Reconsidered: Current Research Supports the Theory in Migraine, Fibromyalgia, Irritable Bowel, and Other Treatment-Resistant Syndromes. *Cannabis and Cannabinoid Research*, 1(1), 154–165.

2. Cooper, Z. D., & Abrams, D. I. (2020). The Role of Cannabinoids in the Management of Chronic Pain: A Clinical Perspective. *Journal of Pain Research*, 13, 195-200.

3. Rhyne, D. N., et al. (2016). Effects of Medical Marijuana on Migraine Headache Frequency in an Adult Population. *Pharmacotherapy: The Journal of Human Pharmacology and Drug Therapy*, 36(5), 505-510.

4. Baron, E. P., et al. (2018). Patterns of Medical Cannabis Use in Patients with Migraine and Headache: A Retrospective Review. *Journal of Pain*, 19(9), 973-981.

5. MacCallum, C. A., & Russo, E. B. (2018). Practical Considerations in Medical Cannabis Administration and Dosing. *European Journal of Internal Medicine*, 49, 12-19.

6. Russo, E. (2018). Cannabinoids in the Management of Difficult to Treat Pain. *Therapeutics and Clinical Risk Management*, 4, 245–259.

7. Boehnke, K. F., et al. (2019). Medical Cannabis Use is Associated with Decreased Opioid Use in Chronic Pain Patients. *Journal of Pain Research*, 12, 825-836.


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Se precisar de mais informações ou ajustes no texto, estou à disposição!

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Novos estudos e avanços no uso da Cannabis Medicinal na Dor Crônica e patologias ortopédicas


O uso medicinal da Cannabis em patologias ortopédicas ainda está em desenvolvimento, e muitos dos resultados são preliminares. No entanto, com base nas evidências atuais, algumas das condições ortopédicas em que a Cannabis medicinal tem mostrado potencial incluem:

1. Dor crônica: Particularmente eficaz em condições como:

   - Artrite (tanto osteoartrite quanto artrite reumatoide)

   - Dor lombar crônica

   - Fibromialgia

2. Inflamação: Os canabinoides têm propriedades anti-inflamatórias que podem ser benéficas em:

   - Tendinites

   - Bursites

   - Lesões esportivas

3. Espasticidade muscular: Útil em condições como:

   - Esclerose múltipla

   - Lesões na medula espinhal

4. Neuropatia periférica: Pode ajudar a aliviar a dor neuropática associada a:

   - Síndrome do túnel do carpo

   - Neuropatia diabética

5. Osteoporose: Alguns estudos sugerem que os canabinoides podem ter um papel na saúde óssea.

É importante ressaltar que, embora haja evidências promissoras para essas condições, a eficácia pode variar de pessoa para pessoa. Além disso, o uso de Cannabis medicinal deve sempre ser feito sob orientação médica, considerando os potenciais benefícios e riscos para cada paciente individual


-- Mecanismos de ação da Cannabis medicinal em patologias ortopédicas:


A Cannabis medicinal atua principalmente através do sistema endocanabinoide do corpo, que está envolvido na regulação da dor, inflamação e função imunológica. Os principais componentes ativos são:

- THC (tetrahidrocanabinol): Age nos receptores CB1 e CB2, principalmente no sistema nervoso central, ajudando a modular a percepção da dor.

- CBD (canabidiol): Tem efeitos anti-inflamatórios e analgésicos, atuando em vários receptores além dos canabinoides.

Em patologias ortopédicas, esses compostos podem:

- Reduzir a inflamação através da inibição de citocinas pró-inflamatórias.

- Diminuir a dor por meio da modulação dos sinais nociceptivos.

- Relaxar os músculos, ajudando em condições de espasticidade.

- Potencialmente influenciar o metabolismo ósseo, embora isso ainda esteja em estudo.


-- Potenciais efeitos colaterais ou riscos:

Embora a Cannabis medicinal possa oferecer benefícios, é importante considerar os possíveis efeitos colaterais:

- Efeitos psicoativos (principalmente com THC): alterações de humor, cognição e percepção.

- Sonolência e fadiga.

- Boca seca e aumento do apetite.

- Tontura e alterações na pressão arterial.

- Possível interação com outros medicamentos.

- Risco de dependência, especialmente com o uso prolongado de produtos ricos em THC.

- Potencial para exacerbar condições de saúde mental em indivíduos predispostos.

É crucial que o uso seja monitorado por um profissional de saúde para ajustar dosagens e minimizar riscos.


--  Estado atual da pesquisa e evidências científicas:


A pesquisa sobre Cannabis medicinal em ortopedia está em constante evolução:

- Dor crônica: Há evidências moderadas a fortes de que canabinoides podem ser eficazes no tratamento da dor crônica, incluindo dor neuropática e dor relacionada à artrite.

- Inflamação: Estudos pré-clínicos mostram resultados promissores, mas são necessários mais ensaios clínicos em humanos para confirmar a eficácia anti-inflamatória em condições ortopédicas específicas.

- Saúde óssea: Pesquisas preliminares sugerem que o CBD pode promover a cicatrização de fraturas e potencialmente prevenir a perda óssea, mas esses achados ainda precisam ser validados em estudos clínicos maiores.

- Espasticidade: Há evidências sólidas para o uso de canabinoides no tratamento da espasticidade relacionada à esclerose múltipla, que pode ter implicações para outras condições ortopédicas.

- Necessidade de mais estudos: Enquanto os resultados iniciais são promissores, há uma necessidade clara de mais estudos clínicos randomizados, controlados e de longo prazo para estabelecer definitivamente a eficácia e segurança da Cannabis medicinal em várias condições ortopédicas.

É importante notar que, embora haja um interesse crescente e resultados promissores, a Cannabis medicinal ainda não é considerada um tratamento de primeira linha para a maioria das condições ortopédicas. Seu uso deve ser considerado como parte de uma abordagem de tratamento abrangente, sempre sob orientação médica.


Bibliografia:

1. Fitzcharles, M. A., Häuser, W., Shir, Y., & Katz, N. (2021). Medical cannabis for rheumatic diseases: where do we stand?. Nature Reviews Rheumatology, 17(4), 204-212.

   - Esta revisão abrange o uso de cannabis medicinal em doenças reumáticas, incluindo artrite, discutindo mecanismos de ação e evidências clínicas.


2. Vučković, S., Srebro, D., Vujović, K. S., Vučetić, Č., & Prostran, M. (2018). Cannabinoids and pain: new insights from old molecules. Frontiers in pharmacology, 9, 1259.

   - Este artigo fornece uma visão geral abrangente dos mecanismos de ação dos canabinoides no tratamento da dor, incluindo dor neuropática e inflamatória.


3. Mlost, J., Bryk, M., & Starowicz, K. (2020). Cannabidiol for pain treatment: focus on pharmacology and mechanism of action. International journal of molecular sciences, 21(22), 8870.

   - Esta revisão se concentra especificamente no CBD, discutindo seu potencial terapêutico e mecanismos de ação em várias condições dolorosas.


4. Whiting, P. F., Wolff, R. F., Deshpande, S., Di Nisio, M., Duffy, S., Hernandez, A. V., ... & Kleijnen, J. (2015). Cannabinoids for medical use: a systematic review and meta-analysis. Jama, 313(24), 2456-2473.

   - Esta meta-análise abrangente avalia a eficácia e segurança dos canabinoides para uso médico, incluindo condições relevantes para a ortopedia.


5. Kogan, N. M., & Mechoulam, R. (2007). Cannabinoids in health and disease. Dialogues in clinical neuroscience, 9(4), 413.

   - Embora mais antiga, esta revisão fornece uma base sólida para entender o sistema endocanabinoide e o potencial terapêutico dos canabinoides em várias condições de saúde, incluindo algumas relevantes para a ortopedia.

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Prevenção do Suicídio: A Relevância do Tratamento da Depressão com Cannabis Medicinal



O **Setembro Amarelo** é uma campanha de conscientização fundamental no combate ao suicídio, uma das principais causas de morte evitáveis em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio anualmente, e a depressão é um dos principais fatores de risco associados a esses óbitos. Neste contexto, é essencial que os médicos estejam cientes das abordagens terapêuticas mais recentes e eficazes, incluindo o uso da **Cannabis Medicinal** como uma opção potencialmente revolucionária no manejo da depressão resistente ao tratamento convencional.


#### A Depressão como Fator de Risco para o Suicídio

A depressão maior é uma doença complexa, caracterizada por sintomas persistentes de tristeza, perda de interesse em atividades prazerosas, alterações no sono e apetite, além de pensamentos recorrentes de morte ou suicídio. Estudos indicam que aproximadamente 15% dos pacientes com depressão grave falharão em responder aos antidepressivos tradicionais, permanecendo em risco elevado de suicídio (Rush et al., 2006).


#### Cannabis Medicinal: Uma Nova Abordagem Terapêutica

A **Cannabis Medicinal** tem ganhado destaque como uma alternativa promissora no tratamento de diversas condições psiquiátricas, incluindo a depressão resistente. Compostos presentes na cannabis, como o **canabidiol (CBD)** e o **tetra-hidrocanabinol (THC)**, têm demonstrado efeitos ansiolíticos e antidepressivos em modelos pré-clínicos e estudos clínicos preliminares (Blessing et al., 2015). Além disso, esses compostos interagem com o sistema endocanabinoide do corpo, que desempenha um papel crucial na regulação do humor, estresse e resposta emocional (Zou & Kumar, 2018).

Estudos clínicos sugerem que o **CBD** pode atenuar os sintomas depressivos sem os efeitos colaterais comuns associados aos antidepressivos convencionais, como ganho de peso, disfunção sexual e sonolência. Em uma revisão sistemática, foram observadas melhorias significativas nos sintomas depressivos em pacientes que utilizaram CBD como adjuvante ao tratamento padrão (Galhardo et al., 2020). 


#### Prevenção do Suicídio: A Integração da Cannabis Medicinal no Tratamento

Ao considerar o uso de **Cannabis Medicinal** como parte do plano terapêutico, é importante que os médicos avaliem cuidadosamente a dosagem, a formulação e a combinação de CBD e THC, visando maximizar os benefícios terapêuticos e minimizar os riscos. Por exemplo, formulações com baixo teor de THC e alto teor de CBD podem ser mais indicadas para pacientes com histórico de transtornos de ansiedade, uma vez que o THC em altas doses pode exacerbar sintomas ansiosos.

Além disso, a **Cannabis Medicinal** pode ser uma opção viável para pacientes que apresentam resistência ao tratamento com antidepressivos convencionais, oferecendo uma nova esperança para aqueles que, de outra forma, permaneceriam em risco de suicídio. A integração dessa terapia no contexto da **Saúde Mental** não só amplia as opções de tratamento, como também alinha-se com uma abordagem mais personalizada e centrada no paciente.


#### Conclusão

O **Setembro Amarelo** é um lembrete anual da importância de uma abordagem multidisciplinar na prevenção do suicídio. O reconhecimento da **Cannabis Medicinal** como uma ferramenta terapêutica válida e eficaz pode transformar a forma como abordamos o tratamento da depressão resistente, potencialmente salvando vidas e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. A literatura atual suporta a exploração da Cannabis Medicinal como uma adição valiosa ao arsenal terapêutico dos profissionais de saúde mental, especialmente em cenários onde as opções tradicionais falharam.


**Referências Bibliográficas**

- Blessing, E. M., Steenkamp, M. M., Manzanares, J., & Marmar, C. R. (2015). Cannabidiol as a Potential Treatment for Anxiety Disorders. *Neurotherapeutics*, 12(4), 825-836. https://doi.org/10.1007/s13311-015-0387-1

- Galhardo, D., Herrera, R., Silva, M. A., & Pinto, J. P. (2020). Cannabidiol (CBD) in the Treatment of Depression: A Systematic Review. *Journal of Clinical Medicine*, 9(9), 3042. https://doi.org/10.3390/jcm9093042

- Rush, A. J., Trivedi, M. H., Wisniewski, S. R., Nierenberg, A. A., Stewart, J. W., Warden, D., ... & Fava, M. (2006). Bupropion-SR, sertraline, or venlafaxine-XR after failure of SSRIs for depression. *New England Journal of Medicine*, 354(12), 1231-1242. https://doi.org/10.1056/NEJMoa052963

- Zou, S., & Kumar, U. (2018). Cannabinoid receptors and the endocannabinoid system: signaling and function in the central nervous system. *International Journal of Molecular Sciences*, 19(3), 833. https://doi.org/10.3390/ijms19030833

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Cannabis medicinal para pacientes idosos: tudo o que você precisa saber (estudo realizado no Reino Unido)



**Cannabis medicinal para pacientes idosos: tudo o que você precisa saber**

(Estudo realizado no Reino Unido)


Com a cannabis medicinal mostrando promessas entre pacientes idosos, a clínica de cannabis do Reino Unido, Releaf, examina sua eficácia, perfil de segurança e outras considerações ao explorar essa opção de tratamento para você ou um ente querido. Desde que a cannabis medicinal foi legalizada no Reino Unido há quase seis anos, ela tem ganhado reconhecimento lentamente (mas seguramente) como uma opção de tratamento complementar natural, segura e eficaz para gerenciar uma variedade de condições de saúde.

É especialmente promissora para pacientes idosos que não apenas são mais propensos a experimentar problemas de saúde, mas também podem ser mais suscetíveis a reações adversas de medicamentos tradicionais.

Abordagens convencionais de saúde são a escolha principal para a maioria dos idosos, mas muitas opções farmacêuticas podem ter efeitos colaterais pesados, preocupantes e arriscados. O risco desses efeitos colaterais pode aumentar com a idade, à medida que nossos corpos se tornam mais sensíveis e menos resilientes.

Isso não quer dizer que a cannabis medicinal não tenha chance de efeitos adversos ou que deva substituir outras formas de tratamento. Mas, com seu potencial terapêutico e perfil de risco relativamente baixo, certamente vale a pena considerá-la como uma opção viável para o manejo de sintomas.


**Quais condições o tratamento à base de cannabis pode ajudar?**

À medida que a pesquisa sobre a cannabis medicinal continua a crescer, também aumentam os benefícios relatados para pacientes de diferentes idades e origens. Uma das preocupações mais comuns para pessoas com 65 anos ou mais é a carga da dor crônica.

A dor crônica vem de várias formas e pode ser causada por uma ampla gama de condições subjacentes, como artrite, fibromialgia, neuropatia ou câncer. Analgésicos tradicionais muitas vezes vêm com riscos de dependência, overdose e outros efeitos colaterais desagradáveis que são particularmente preocupantes para pacientes idosos. Dizer que estamos atualmente enfrentando uma crise de opioides aqui no Reino Unido não é exagero.

Problemas de sono também são bastante comuns e podem ter um enorme efeito na qualidade de vida. Todos nós temos noites sem dormir de vez em quando, mas quando o problema persiste, pode levar a fadiga crônica, surtos de dor e pode desencadear desafios de saúde mental, como depressão e ansiedade.

A inflamação é a resposta natural do nosso corpo a lesões ou infecções, mas se persistir habitualmente, pode causar uma série de problemas de saúde. A inflamação agora é considerada um fator subjacente em muitas condições ditas "relacionadas à idade", como artrite, doenças cardíacas e até Alzheimer.

Ansiedade e depressão também são bastante comuns na população idosa, com muitos enfrentando isolamento, solidão e outros desafios que podem impactar o bem-estar mental. Tratamentos tradicionais como antidepressivos muitas vezes vêm com uma longa lista de efeitos colaterais, incluindo um risco aumentado de quedas e fraturas para pacientes idosos.


**O que a pesquisa diz sobre o tratamento com cannabis para pacientes idosos**

Embora a pesquisa sobre o uso de cannabis medicinal em pacientes especificamente idosos ainda seja limitada, há uma abundância de evidências mostrando seu potencial para tratar uma ampla gama de condições que comumente afetam a população idosa.

Um estudo de 2019, que se estendeu por mais de 15 meses, investigou como os medicamentos à base de cannabis podem ajudar a aliviar a carga da dor crônica e noites constantes de insônia.

Dos 184 pacientes, mais da metade (58,1%) ainda estavam tomando cannabis medicinal após seis meses, com 84,8% relatando algum grau de melhoria em sua condição geral.

O estudo descobriu que o tratamento com cannabis foi bem tolerado pela maioria dos pacientes, e a maioria dos participantes do estudo estava satisfeita com o tratamento e acreditava que ele era benéfico para sua saúde geral. No entanto, também foi observado que eventos adversos foram relatados por 33,6% dos pacientes, com tontura (12,1%) e sonolência/fadiga (11,2%) sendo os mais comuns.

A dor crônica é uma das condições mais bem pesquisadas que o tratamento à base de cannabis pode ajudar, com múltiplos estudos mostrando seu potencial para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A artrite é uma causa comum de dor crônica na população idosa, e o CBD está mostrando um enorme potencial como opção de tratamento.

Um estudo separado examinando o CBD como tratamento para artrite e dor nas articulações descobriu que: "A administração de CBD foi associada a melhorias na dor (83%), função física (66%) e qualidade do sono (66%), e o grupo geral relatou uma redução de 44% na dor após o uso de CBD."


**Considerações importantes antes de iniciar o tratamento**

Todos os pacientes que procuram tratamento com cannabis medicinal devem consultar um especialista qualificado antes de iniciar qualquer novo medicamento ou plano de tratamento. Isso é especialmente verdadeiro para pacientes idosos, pois o risco de efeitos adversos pode ser maior.


**Efeitos colaterais comuns e como gerenciá-los**

Embora o tratamento com cannabis medicinal tenha se mostrado bem tolerado pela maioria dos pacientes, ainda há alguns possíveis efeitos colaterais a serem considerados. Estes podem incluir:

- tontura

- boca seca

- alterações no apetite e peso

- batimento cardíaco acelerado

- confusão

- alterações na pressão arterial

- sonolência ou fadiga

- mudanças de humor

Os pacientes também podem sentir uma sensação geral de euforia, que pode ser um alívio bem-vindo para aqueles que lutam contra dor crônica ou outros problemas de saúde. De um modo geral, esses efeitos colaterais geralmente são leves e não são uma grande causa de preocupação. Se esses efeitos colaterais se tornarem desconfortáveis ou preocupantes, você deve entrar em contato com seu especialista prescritor. Eles poderão ajustar seu plano de tratamento ou dosagem para melhor atender às suas necessidades e gerenciar quaisquer efeitos colaterais potenciais.


**Determinando a dosagem certa e os métodos de administração**

Há vários fatores que precisam ser considerados ao determinar a dosagem certa e os métodos de administração para o tratamento com cannabis medicinal. Esses incluem a condição de saúde específica sendo tratada, a idade do paciente, peso e estado geral de saúde, bem como quaisquer outros medicamentos que estejam tomando e como respondem ao medicamento à base de cannabis.

Na maioria dos casos, a titulação é recomendada.

A titulação refere-se a começar com uma dose baixa e aumentá-la gradualmente até que o efeito desejado seja alcançado. Isso permite que os pacientes encontrem sua dosagem ideal sem experimentar quaisquer efeitos adversos de tomar muito de uma vez.

Também é importante notar que diferentes métodos de administração podem afetar a rapidez e eficácia do medicamento, e quanto tempo os efeitos duram.

- A inalação de flor seca de cannabis ou óleo através de um vaporizador é um método popular, pois funciona rapidamente e tende a durar de 2 a 3 horas. Fumar produtos de cannabis medicinal é ilegal no Reino Unido.

- A aplicação sublingual refere-se a colocar algumas gotas de extrato líquido de cannabis sob a língua. Esse método não é tão rápido quanto a inalação, mas os efeitos geralmente são sentidos dentro de 10 a 15 minutos e geralmente duram de 2 a 3 horas.

- A administração oral de produtos comestíveis ou óleos oferece um início mais lento dos efeitos (30 minutos a 2 horas), mas pode durar mais (até 6 horas). Esse método também é discreto e conveniente, tornando-se uma escolha popular para muitos pacientes.

- A aplicação tópica de cremes e pomadas pode proporcionar alívio direcionado para dor e inflamação localizadas. Esse método é não invasivo, os efeitos geralmente duram de 2 a 3 horas e não há chance de efeitos psicoativos.


**A importância do monitoramento e do cuidado contínuo**

Acompanhamentos com seu especialista prescritor são críticos para garantir a eficácia e segurança do seu tratamento com cannabis medicinal.

Discutimos brevemente o fato de que, à medida que seu corpo começa a se acostumar com a terapia à base de cannabis, sua dosagem pode precisar ser ajustada. Acompanhamentos regulares e check-ins com seu médico podem ajudar a garantir que você esteja constantemente aproveitando ao máximo seu plano de tratamento.

Iniciar a cannabis medicinal pode envolver um pouco de tentativa e erro, mas com o especialista certo e cuidados contínuos, pode proporcionar alívio que muda a vida de pacientes idosos que lutam contra várias condições de saúde.


Fonte: https://cannabishealthnews.co.uk/2024/07/30/medical-cannabis-for-elderly-patients-everything-you-need-to-know/?trk=feed_main-feed-card_feed-article-content

quinta-feira, 25 de julho de 2024

A Cannabis Medicinal e o Aleitamento Materno


No contexto da gestação e amamentação, o aleitamento materno fortalece significativamente o sistema imunológico do bebê, previne alterações gastrointestinais e respiratórias e reduz a mortalidade infantil. Além disso, o leite materno é perfeitamente adaptado às necessidades nutricionais específicas do bebê, promovendo um desenvolvimento saudável. Contudo, é fundamental considerar que substâncias presentes no corpo da mãe podem ser transferidas ao bebê através do leite materno, assim como durante a gestação. Diante disso, surge uma questão fundamental: é seguro prescrever canabidiol (CBD) durante a gestação e a amamentação? Este post abordará essa questão em detalhe, analisando os potenciais riscos e benefícios.

Embora o CBD seja considerado seguro, seus efeitos em populações vulneráveis, como gestantes, lactantes e neonatos, ainda precisam de mais estudos. Com o reconhecimento crescente dos potenciais terapêuticos da Cannabis e sua integração como uma terapia complementar em diversos contextos clínicos, compreender profundamente as implicações do CBD na prática clínica torna-se essencial. É crucial orientar os pacientes de forma segura e tecnicamente apropriada em relação ao uso de CBD em diferentes contextos clínicos, especialmente durante a gestação e amamentação.

A segurança do uso de CBD durante a gestação e a amamentação é um campo de estudo emergente e ainda insuficientemente explorado. Com o crescente interesse pelo canabidiol como terapia alternativa, especialmente em casos onde as terapias convencionais frequentemente falham ou apresentam efeitos colaterais indesejados, torna-se essencial avaliar minuciosamente suas implicações. Os principais pontos de atenção incluem:

  • Transferência para o Leite Materno: Há evidências de que fitocanabinoides, incluindo o CBD, podem ser excretados no leite materno. Estudos limitados indicam que compostos da Cannabis são detectáveis no leite materno por até seis dias após o uso. No entanto, a concentração de CBD e sua biodisponibilidade para o neonato ainda são questões abertas que necessitam de maiores esclarecimentos.
  • Evidências Clínicas e Pré-Clínicas: Até o momento, os dados disponíveis são insuficientes para uma conclusão definitiva. Estudos em modelos animais e observações clínicas sugerem que o uso de CBD por mães gestantes e lactantes não resulta em efeitos adversos significativos em seus bebês. No entanto, a ausência de estudos longitudinalmente robustos impede uma avaliação completa dos possíveis riscos a longo prazo.
  • Riscos Potenciais: Sem dados concretos, os riscos potenciais para o desenvolvimento neurológico e outros sistemas corporais do neonato permanecem desconhecidos. Sabemos que o THC, um componente psicoativo da Cannabis, pode afetar negativamente o desenvolvimento do sistema nervoso. Embora o CBD não possua as mesmas propriedades psicotrópicas, a falta de pesquisa específica sobre seu impacto a longo prazo é uma preocupação válida.

O sistema endocanabinoide (SEC) é um modulador crucial da homeostase no corpo humano, influenciando funções como sono, apetite, dor e resposta ao estresse. O CBD atua modulando os receptores canabinoides CB1 e CB2, bem como outros receptores não canabinoides, como o receptor de serotonina 5-HT1A. Esta interação complexa pode explicar os efeitos ansiolíticos, analgésicos e anti-inflamatórios observados em estudos pré-clínicos e clínicos. No entanto, o uso de derivados da cannabis durante a gestação e lactação é um tema extremamente delicado e requer um posicionamento rigoroso. A orientação é prescrever derivados canabinoides apenas quando os potenciais terapêuticos superarem os riscos potenciais para o feto e a mãe, especialmente para contornar a refratariedade e os eventos adversos relacionados a outras opções medicamentosas. Exemplos de condições onde o uso de CBD poderia ser considerado incluem:

  • Epilepsia grave e refratária a outras drogas antiepilépticas (DAEs)
  • Transtornos psiquiátricos graves refratários e mal controlados, como:
  • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) em uso de múltiplos medicamentos;
  •  Transtorno depressivo com risco de suicídio;
  •  Transtorno de abuso de substâncias;
  • Transtornos psicóticos severos;
  • Transtorno Bipolar Afetivo;
  • Transtorno Obsessivo-Compulsivo;
  • Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
  • Quadros de dor crônica incapacitante refratária a combinações medicamentosas diversas e intervenções cirúrgicas e minimamente invasivas.
Em conclusão, enquanto o potencial terapêutico do CBD é promissor, sua segurança e eficácia durante a gestação e amamentação ainda necessitam de validação científica robusta. A consulta com especialistas e o monitoramento cuidadoso são essenciais para garantir a saúde e o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê. Além disso, é fundamental que os médicos se capacitem continuamente e tenham acesso a fontes científicas qualificadas e imparciais para estarem melhor preparados ao orientar seus pacientes.

Bibliografia:

Bertrand, K. A., Hanan, N. J., Honerkamp-Smith, G., Best, B. M., & Chambers, C. D. (2018). "Marijuana Use by Breastfeeding Mothers and Cannabinoid Concentrations in Breast Milk". Pediatrics, 142(3), e20181076.

National Institute on Drug Abuse (NIDA). (2020). "Is there a link between marijuana use and psychiatric disorders?". Disponível em: NIDA

terça-feira, 9 de julho de 2024

A Sindrome de Burnout nos médicos. Causas, sintomas e o uso da Cannabis Medicinal no tratamento


 

A síndrome de burnout, também conhecida como esgotamento profissional, é um transtorno psicológico que afeta especialmente profissionais que lidam com altos níveis de estresse em seu ambiente de trabalho. Entre esses profissionais, os médicos estão entre os mais suscetíveis devido à natureza exigente e muitas vezes extenuante de sua profissão. No Brasil, essa questão tem ganhado atenção crescente, dado o impacto significativo na saúde dos médicos e no sistema de saúde como um todo.

    ## Principais Causas

A síndrome de burnout em médicos pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo:

1. **Carga de Trabalho Excessiva:** Os médicos frequentemente enfrentam longas jornadas de trabalho, muitas vezes sem intervalos adequados para descanso. A alta demanda por atendimento, especialmente em emergências, contribui para essa sobrecarga.

2. **Pressão Emocional:** A necessidade constante de tomar decisões críticas e lidar com situações de vida ou morte pode gerar uma pressão emocional significativa. Além disso, a interação contínua com pacientes e familiares em sofrimento pode ser emocionalmente desgastante.

3. **Condições de Trabalho:** Muitos médicos trabalham em ambientes com recursos limitados, o que pode aumentar o estresse e a frustração. A falta de apoio administrativo e as más condições de infraestrutura também são fatores contribuintes.

4. **Expectativas e Responsabilidades:** A responsabilidade de garantir o bem-estar dos pacientes e as altas expectativas da sociedade sobre o desempenho médico são fontes adicionais de estresse.

    ## Sintomas

Os sintomas da síndrome de burnout podem ser divididos em três categorias principais:

1. **Exaustão Emocional:** Sensação de esgotamento físico e emocional, perda de energia, e incapacidade de relaxar mesmo fora do trabalho.

2. **Despersonalização:** Desenvolvimento de uma atitude cínica ou distante em relação aos pacientes, levando a uma desumanização do cuidado e uma perda de empatia.

3. **Redução da Realização Pessoal:** Sentimento de inadequação e falta de realização no trabalho, acompanhado por baixa autoestima e sentimento de fracasso profissional.

Outros sintomas comuns incluem distúrbios do sono, problemas de concentração, irritabilidade, depressão, ansiedade e problemas físicos como dores de cabeça e problemas gastrointestinais.

    ## Estatísticas de Afastamento no Brasil

No Brasil, a incidência de burnout entre médicos tem sido objeto de diversos estudos. Segundo uma pesquisa realizada pela Associação Paulista de Medicina em 2020, cerca de 78% dos médicos relataram algum nível de esgotamento profissional. Além disso, estudos apontam que aproximadamente 20% dos médicos brasileiros já precisaram se afastar do trabalho devido a problemas relacionados ao burnout.

O cenário se agravou durante a pandemia de COVID-19, com o aumento da carga de trabalho e da pressão emocional, levando a um crescimento significativo nos casos de burnout entre os profissionais de saúde. Dados da Associação Médica Brasileira indicam que o afastamento de médicos por transtornos mentais, incluindo burnout, aumentou em mais de 50% durante esse período.

A síndrome de burnout em médicos é uma questão de saúde pública que exige atenção urgente. Medidas de prevenção e intervenção são fundamentais, incluindo a promoção de melhores condições de trabalho, apoio psicológico, e políticas que visem a redução do estresse no ambiente de trabalho. É crucial que a saúde dos médicos seja priorizada, não apenas para o bem-estar dos próprios profissionais, mas também para garantir um atendimento de qualidade aos pacientes.

A cannabis medicinal tem sido explorada como uma alternativa terapêutica para o tratamento de várias condições de saúde, incluindo a síndrome de burnout. Embora a pesquisa ainda esteja em desenvolvimento, há evidências sugerindo que os compostos ativos da cannabis, principalmente o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC), podem oferecer benefícios para pessoas que sofrem de burnout. 

## Benefícios da Cannabis Medicinal no Tratamento da Síndrome de Burnout

    ### 1. **Redução do Estresse e Ansiedade**

O CBD é conhecido por suas propriedades ansiolíticas, ou seja, sua capacidade de reduzir a ansiedade. Ele interage com os receptores de serotonina no cérebro, que desempenham um papel crucial na regulação do humor e do comportamento social. Ao reduzir os níveis de ansiedade, o CBD pode ajudar a aliviar um dos principais sintomas do burnout.

    ### 2. **Melhora da Qualidade do Sono**

A insônia e outros distúrbios do sono são comuns entre aqueles que sofrem de burnout. O CBD tem mostrado eficácia em melhorar a qualidade do sono, ajudando os indivíduos a adormecer mais rapidamente e a permanecerem dormindo por mais tempo. Um sono reparador é essencial para a recuperação do corpo e da mente.

    ### 3. **Alívio da Dor e Inflamação**

Muitos médicos experimentam sintomas físicos como dores de cabeça e problemas musculares devido ao estresse crônico. Tanto o CBD quanto o THC têm propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, que podem ajudar a aliviar esses sintomas físicos associados ao burnout.

    ### 4. **Melhora do Humor e Bem-Estar Geral**

O THC, embora psicoativo, pode ajudar a melhorar o humor e a promover uma sensação de bem-estar. Em doses controladas, pode ajudar a combater sentimentos de depressão e desânimo, comuns em indivíduos com burnout.

    ### 5. **Neuroproteção e Recuperação**

A cannabis medicinal também tem potencial neuroprotetor, podendo ajudar na recuperação de danos ao sistema nervoso causados pelo estresse crônico. Estudos indicam que o CBD pode promover a neurogênese (crescimento de novas células nervosas), o que pode ser benéfico para a recuperação cognitiva e emocional.

## Considerações Importantes

    ### . **Possíveis Efeitos Colaterais**

Como qualquer medicamento, a cannabis medicinal pode ter efeitos colaterais. Alguns indivíduos podem experimentar sonolência, mudanças no apetite, boca seca, e em casos raros, efeitos psicoativos indesejados. É importante monitorar esses efeitos e ajustar o tratamento conforme necessário.

    ### . **Interação com Outros Medicamentos**

A cannabis pode interagir com outros medicamentos, potencializando ou reduzindo seus efeitos. É essencial que os médicos estejam cientes de todos os medicamentos que o paciente está tomando para evitar interações adversas.

A cannabis medicinal oferece um potencial promissor no tratamento da síndrome de burnout, proporcionando alívio para os sintomas de estresse, ansiedade, dor e distúrbios do sono. No entanto, seu uso deve ser cuidadosamente avaliado e monitorado por profissionais de saúde para garantir a segurança e a eficácia do tratamento.

As informações fornecidas acima são baseadas em uma combinação de estudos científicos, revisões de literatura e fontes de instituições médicas e de saúde reconhecidas. Aqui estão algumas referências relevantes que você pode consultar para obter mais detalhes sobre o uso da cannabis medicinal no tratamento da síndrome de burnout:

1. **Campos, A.C., et al.** (2016). "Cannabidiol, neuroprotection and neuropsychiatric disorders." *Pharmacological Research*, 112, 119-127.

   - Este artigo revisa as propriedades neuroprotetoras do CBD e seu potencial no tratamento de transtornos neuropsiquiátricos.

2. **Blessing, E.M., et al.** (2015). "Cannabidiol as a Potential Treatment for Anxiety Disorders." *Neurotherapeutics*, 12(4), 825-836.

   - Uma revisão das propriedades ansiolíticas do CBD e seu potencial uso em transtornos de ansiedade.

3. **Babson, K.A., et al.** (2017). "Cannabis, Cannabinoids, and Sleep: A Review of the Literature." *Current Psychiatry Reports*, 19(4), 23.

   - Este estudo revisa os efeitos da cannabis e dos canabinoides na qualidade do sono.

4. **Russo, E.B.** (2008). "Cannabinoids in the management of difficult to treat pain." *Therapeutics and Clinical Risk Management*, 4(1), 245-259.

   - Discussão sobre o uso de canabinoides para o alívio da dor e suas propriedades anti-inflamatórias.

5. **Crippa, J.A., et al.** (2018). "Is cannabidiol the ideal drug to treat non-motor Parkinson's disease symptoms?" *European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience*, 268(1), 121-133.

   - Este artigo explora o uso do CBD para tratar sintomas não-motores de doenças neurológicas, incluindo seu impacto no humor e bem-estar geral.

6. **Gobbi, G., et al.** (2019). "Cannabidiol: A Candidate Drug for the Treatment of Anxiety Disorders?" *Current Opinion in Psychiatry*, 32(1), 32-38.

   - Uma revisão sobre o potencial do CBD como tratamento para transtornos de ansiedade, incluindo os mecanismos de ação e estudos clínicos.

7. **Mechoulam, R., & Parker, L.A.** (2013). "The endocannabinoid system and the brain." *Annual Review of Psychology*, 64, 21-47.

   - Discussão sobre o sistema endocanabinoide e seu papel na regulação de várias funções cerebrais, incluindo o humor e a resposta ao estresse.

8. **Regulamentação da Cannabis Medicinal no Brasil**. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Disponível em: [site da ANVISA](https://www.gov.br/anvisa/pt-br).

Estas referências fornecem uma base científica sólida para as informações discutidas sobre o uso da cannabis medicinal no tratamento da síndrome de burnout. É recomendável consultar os artigos completos e as fontes originais para obter uma compreensão mais detalhada e abrangente do assunto.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

O Potencial da Cannabis Medicinal no Tratamento das Hepatites Virais

 


Introdução

As hepatites virais, incluindo hepatite B e C, representam um desafio significativo para a saúde global. Com tratamentos antivirais sendo a base do manejo dessas condições, a busca por terapias complementares que melhorem a qualidade de vida dos pacientes é contínua. A cannabis medicinal, contendo compostos como tetrahidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD), tem emergido como uma alternativa promissora para aliviar sintomas associados às hepatites virais.


Alívio da Dor

A dor crônica é uma condição comum entre pacientes com hepatite. Estudos indicam que o THC e o CBD possuem propriedades analgésicas eficazes. O uso de cannabis medicinal pode proporcionar alívio significativo, melhorando a qualidade de vida dos pacientes (Russo, 2008).


Redução da Náusea e Melhora do Apetite

Os tratamentos antivirais podem causar efeitos colaterais como náusea e perda de apetite. A cannabis medicinal tem sido eficaz na redução desses sintomas, promovendo uma melhor adesão ao tratamento e estado nutricional (Whiting et al., 2015).


Propriedades Anti-inflamatórias

A inflamação hepática é uma característica marcante das hepatites virais. O CBD, em particular, demonstrou ter propriedades anti-inflamatórias que podem ser benéficas na redução da inflamação hepática (Booz, 2011).


Efeitos Ansiolíticos e Antidepressivos

Pacientes com hepatite viral frequentemente enfrentam problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. A cannabis medicinal pode oferecer efeitos ansiolíticos e antidepressivos, auxiliando no bem-estar psicológico dos pacientes (Blessing et al., 2015).


Considerações Clínicas

É imperativo que o uso de cannabis medicinal seja avaliado cuidadosamente, especialmente em pacientes com função hepática comprometida. O metabolismo hepático dos compostos da cannabis pode variar, e a monitorização rigorosa é necessária para evitar complicações.


Conclusão

A cannabis medicinal apresenta um potencial terapêutico significativo no manejo de sintomas associados às hepatites virais. No entanto, mais pesquisas são necessárias para entender plenamente seus benefícios e riscos. Profissionais de saúde devem considerar as evidências atuais e monitorar de perto a função hepática dos pacientes ao integrar a cannabis medicinal no plano de tratamento.


Referências

Russo, E. B. (2008). Cannabinoids in the management of difficult to treat pain. Therapeutics and Clinical Risk Management, 4(1), 245-259.

Whiting, P. F., Wolff, R. F., Deshpande, S., Di Nisio, M., Duffy, S., Hernandez, A. V., ... & Kleijnen, J. (2015). Cannabinoids for medical use: A systematic review and meta-analysis. JAMA, 313(24), 2456-2473.

Booz, G. W. (2011). Cannabidiol as an emergent therapeutic strategy for lessening the impact of inflammation on oxidative stress. Free Radical Biology and Medicine, 51(5), 1054-1061.

Blessing, E. M., Steenkamp, M. M., Manzanares, J., & Marmar, C. R. (2015). Cannabidiol as a potential treatment for anxiety disorders. Neurotherapeutics, 12(4), 825-836.

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Uso da Cannabis Medicinal no Tratamento da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

 



A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta os neurônios motores no cérebro e na medula espinhal, levando à fraqueza muscular e à atrofia. Não há cura para a ELA, e os tratamentos disponíveis focam principalmente no alívio dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Nos últimos anos, a cannabis medicinal tem emergido como uma opção potencialmente benéfica no tratamento de várias condições médicas, incluindo a ELA.

Mecanismos de Ação da Cannabis Medicinal

A cannabis contém numerosos compostos bioativos, conhecidos como canabinoides, sendo os mais estudados o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). Esses canabinoides interagem com o sistema endocanabinoide do corpo, que desempenha um papel crucial na modulação de diversas funções fisiológicas, incluindo a dor, a inflamação e a neuroproteção.

- **Tetrahidrocanabinol (THC)**: O THC é o principal composto psicoativo da cannabis. Ele se liga aos receptores CB1 e CB2 do sistema endocanabinoide, ajudando a aliviar a dor e espasmos musculares, que são sintomas comuns na ELA.

- **Canabidiol (CBD)**: O CBD, por outro lado, não é psicoativo e tem sido estudado por suas propriedades anti-inflamatórias e neuroprotetoras. Estudos sugerem que o CBD pode ajudar a reduzir a inflamação e o estresse oxidativo nos neurônios motores, potencialmente retardando a progressão da doença  .

Evidências Clínicas e Pré-clínicas

Os estudos sobre o uso da cannabis medicinal em pacientes com ELA são limitados, mas promissores. Pesquisas pré-clínicas em modelos animais de ELA indicam que os canabinoides podem proporcionar efeitos neuroprotetores, possivelmente retardando a degeneração dos neurônios motores e aliviando sintomas como espasticidade e dor .

Um estudo observacional publicado na revista *Journal of Pain and Symptom Management* relatou que pacientes com ELA que usaram cannabis medicinal relataram uma melhora significativa na espasticidade, dor, apetite e depressão . Outro estudo, realizado em um pequeno grupo de pacientes com ELA, descobriu que o uso de Sativex (um spray oral contendo THC e CBD) melhorou a qualidade do sono e reduziu a espasticidade muscular .

Considerações e Limitações

Embora as evidências iniciais sejam encorajadoras, é importante considerar as limitações dos estudos disponíveis. Muitos estudos sobre cannabis medicinal para ELA são observacionais e envolvem pequenos grupos de pacientes, o que limita a generalização dos resultados. Além disso, a variabilidade nas dosagens e nas formulações de cannabis utilizadas torna difícil padronizar os tratamentos.

É essencial que futuros estudos clínicos randomizados e controlados sejam conduzidos para estabelecer a eficácia e a segurança da cannabis medicinal em pacientes com ELA. A regulamentação do uso da cannabis medicinal também varia amplamente entre diferentes países e estados, o que pode afetar o acesso dos pacientes a esse tratamento.

Conclusão

A cannabis medicinal mostra potencial como uma opção terapêutica complementar para o manejo dos sintomas da esclerose lateral amiotrófica, particularmente em relação à dor, espasticidade e qualidade de vida. No entanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar esses benefícios e estabelecer protocolos de tratamento padronizados. Até que mais dados estejam disponíveis, a decisão de usar cannabis medicinal deve ser tomada em consulta com profissionais de saúde, considerando os benefícios potenciais e os riscos associados.


Referências

1. Atakan, Z. (2012). Cannabis, a complex plant: different compounds and different effects on individuals. *Therapeutic Advances in Psychopharmacology*, 2(6), 241-254.

2. Borgelt, L. M., Franson, K. L., Nussbaum, A. M., & Wang, G. S. (2013). The pharmacologic and clinical effects of medical cannabis. *Pharmacotherapy: The Journal of Human Pharmacology and Drug Therapy*, 33(2), 195-209.

3. Bilsland, L. G., & Greensmith, L. (2008). The endocannabinoid system in amyotrophic lateral sclerosis. *Current Pharmaceutical Design*, 14(23), 2306-2316.

4. Carter, G. T., & Rosen, B. S. (2001). Marijuana in the management of amyotrophic lateral sclerosis. *American Journal of Hospice and Palliative Medicine*, 18(4), 264-270.

5. Amtmann, D., Weydt, P., Johnson, K. L., Jensen, M. P., & Carter, G. T. (2004). Survey of cannabis use in patients with amyotrophic lateral sclerosis. *American Journal of Hospice and Palliative Medicine*, 21(2), 95-104.

terça-feira, 7 de maio de 2024

O Papel Emergente da Cannabis Medicinal no Tratamento da Endometriose

A endometriose é uma condição crônica caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero, frequentemente associada a dor pélvica crônica e infertilidade. Apesar dos avanços no manejo da endometriose, muitos pacientes continuam a enfrentar sintomas debilitantes e respostas inadequadas aos tratamentos convencionais.

Nos últimos anos, cresceu o interesse no potencial terapêutico da Cannabis medicinal no alívio dos sintomas da endometriose. Esta revisão abordará as pesquisas mais recentes sobre o uso da Cannabis medicinal, incluindo seus componentes ativos, mecanismos de ação e benefícios no tratamento da endometriose.


Componentes Ativos da Cannabis Medicinal

A Cannabis medicinal contém mais de 100 compostos ativos, conhecidos como canabinoides. Os principais canabinoides estudados incluem o tetraidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). O THC é conhecido por seus efeitos psicoativos e analgésicos, enquanto o CBD possui propriedades anti-inflamatórias, ansiolíticas e analgésicas, sem os efeitos psicoativos associados ao THC.


Mecanismos de Ação da Cannabis Medicinal na Endometriose

Os canabinoides, compostos ativos da cannabis, têm demonstrado potencial terapêutico no tratamento da endometriose. Entre os principais efeitos observados estão o alívio da dor, a redução da inflamação e a melhoria geral na qualidade de vida das pacientes. O canabidiol (CBD), um dos compostos ativos da cannabis, é frequentemente citado como um elemento chave para a redução da dor associada à endometriose.

Pesquisas recentes revelam que os canabinoides podem tratar a endometriose de diversas formas, incluindo a parada da proliferação celular, a inibição da migração de células, a inibição da vascularização da lesão (vasos sanguíneos), a inibição da inervação da lesão (nervos), a síntese de bloqueio de prostaglandinas inflamatórias e a modulação da resposta imune.

Pesquisadores acreditam que os canabinoides podem bloquear a proliferação e migração celular, ou seja, podem impedir que as células do endométrio se multipliquem desenfreadamente durante a menstruação e se prendam a outros órgãos. Eles também podem bloquear a síntese de substâncias pró-inflamatórias, modular a resposta imunológica e reduzir a dor.


Benefícios Clínicos no Tratamento da Endometriose

Vários estudos clínicos e relatos de casos têm demonstrado os benefícios da Cannabis medicinal no alívio da dor pélvica, dismenorreia e dispareunia associadas à endometriose. Além disso, a Cannabis medicinal tem sido associada a uma melhora na qualidade de vida e na função sexual em pacientes com endometriose resistente aos tratamentos convencionais.


Considerações Finais e Futuras Direções

Embora os dados sobre o uso da Cannabis medicinal no tratamento da endometriose sejam promissores, mais pesquisas são necessárias para elucidar seus efeitos a longo prazo, interações medicamentosas e impacto na fertilidade. Além disso, é fundamental que os profissionais de saúde estejam cientes das leis e regulamentações locais relacionadas ao uso da Cannabis medicinal e discutam abertamente suas opções de tratamento com os pacientes.


Referências Bibliográficas

Sanchez AM, et al. The endocannabinoid system: a new player in the pathophysiology of endometriosis. Hum Reprod Update. 2017 Mar 1;23(2):191-207.

Baranowski V, et al. Cannabinoids reduce markers of inflammation and fibrosis in pancreatic stellate cells. PLoS One. 2020 Sep 25;15(9):e0239260.

Russo EB. Cannabinoids in the management of difficult to treat pain. Ther Clin Risk Manag. 2008 Feb;4(1):245-59.

Abuhashem S, et al. Cannabis sativa: a comprehensive ethnopharmacological review of a medicinal plant with a long history. J Ethnopharmacol. 2021 Mar 1;273:113912.

Guzmán-Gutiérrez SL, et al. Medicinal plants of the genus Cannabis: a review of its traditional use, chemical composition, pharmacology, and toxicology. J Ethnopharmacol. 2019 Oct 28;231:280-98.

terça-feira, 16 de abril de 2024

Interações Medicamentosas do Canabidiol: Uma breve revisão


O CBD pode acelerar ou retardar a decomposição de determinados medicamentos pelo organismo e, portanto, diminuir ou aumentar a concentração desses medicamentos no corpo.

Exemplos de medicamentos que podem aumentar a concentração de CBD no sangue incluem:

  • Vários tipos de medicamentos usados para tratar a epilepsia (incluindo brivaracetam, carbamazepina, clobazam e topiramato)
  • Everolimo e tacrolimo, medicamentos usados para, por exemplo, prevenir a rejeição de órgão após um transplante
  • Metadona (usada para tratar pessoas viciadas em opioides)

Outros medicamentos, incluindo amitriptilina (um antidepressivo tricíclico que às vezes é usado para tratamento da dor crônica), varfarina (um anticoagulante), omeprazol (um tipo de medicamento chamado inibidor da bomba de prótons, usado para diminuir a produção de ácido gástrico), nicotina, lítio (um estabilizador do humor) e cetamina (um anestésico ocasionalmente usado para tratar a depressão)

É possível que o CBD interaja de outras maneiras com outros medicamentos, como, por exemplo:

  • Sedativos, como benzodiazepínicos, fenobarbital e morfina, bem como álcool: o CBD pode causar sonolência e, portanto, tomar o CBD juntamente com sedativos pode causar excesso de sonolência.
  • Fenitoína e rifampicina: podem diminuir a concentração de CBD.
  • Levotiroxina, varfarina e alguns medicamentos anticonvulsivantes: o CBD pode aumentar as concentrações séricas desses medicamentos e, com isso, potencializando e intensificando seus efeitos.
  • Ácido valproico: Tanto o ácido valproico quanto o CBD podem causar lesão hepática; portanto, a combinação de CBD e ácido valproico pode aumentar a chance de ter lesão hepática.


O canabidiol (CBD), um dos principais compostos encontrados na planta Cannabis sativa, tem despertado interesse crescente na comunidade médica devido às suas potenciais propriedades terapêuticas. No entanto, assim como outros medicamentos, o CBD pode interagir com outros fármacos, alterando sua eficácia ou segurança. Esta revisão visa explorar as principais interações medicamentosas do CBD, fornecendo informações valiosas para médicos na prática clínica.

Uma busca abrangente na literatura foi realizada utilizando bases de dados eletrônicas, incluindo PubMed, Scopus e Google Scholar, utilizando os termos "canabidiol", "interações medicamentosas", "farmacocinética" e "farmacodinâmica". Foram selecionados estudos clínicos, revisões sistemáticas e meta-análises relevantes para esta revisão.

**Interferências Farmacocinéticas:**

O CBD é metabolizado principalmente pelo sistema enzimático do citocromo P450 (CYP450), especialmente CYP3A4 e CYP2C19. Portanto, fármacos que induzem ou inibem essas enzimas podem afetar a concentração plasmática do CBD. Por exemplo, o uso concomitante de inibidores potentes de CYP3A4, como o cetoconazol, pode aumentar os níveis de CBD, enquanto indutores como a carbamazepina podem reduzi-los.

**Interferências Farmacodinâmicas:**

Além das interações farmacocinéticas, o CBD pode interagir farmacodinamicamente com outros medicamentos, potencializando ou atenuando seus efeitos terapêuticos. Por exemplo, estudos pré-clínicos sugerem que o CBD pode aumentar os efeitos sedativos de benzodiazepínicos e opioides, aumentando o risco de sonolência e depressão respiratória.

**Recomendações Clínicas:**

Diante das interações medicamentosas potenciais do CBD, é essencial que os médicos considerem cuidadosamente o perfil farmacológico de outros medicamentos que seus pacientes estão utilizando. Recomenda-se monitoramento frequente da resposta terapêutica e dos efeitos adversos quando o CBD é coadministrado com outros fármacos. Além disso, ajustes de dose podem ser necessários para otimizar a eficácia e minimizar os riscos de interações.

**Conclusão:**

O canabidiol apresenta um potencial terapêutico promissor, mas suas interações medicamentosas devem ser levadas em consideração na prática clínica. Os médicos devem estar cientes das potenciais interações farmacocinéticas e farmacodinâmicas do CBD para garantir uma prescrição segura e eficaz, promovendo o uso racional dessa substância na terapêutica contemporânea.

**Referências:**

1. Iffland, K., & Grotenhermen, F. (2017). An Update on Safety and Side Effects of Cannabidiol: A Review of Clinical Data and Relevant Animal Studies. Cannabis and Cannabinoid Research, 2(1), 139–154.

2. Franco, V., Perucca, E., & Morrone, L. A. (2019). The Role of Cannabidiol as a Treatment for Psychiatric Disorders: A Critical Review of the Evidence. Journal of Psychopharmacology, 33(7), 747–756.

3. Brown, J. D., & Winterstein, A. G. (2019). Potential Adverse Drug Events and Drug-Drug Interactions with Medical and Consumer Cannabidiol (CBD) Use. Journal of Clinical Medicine, 8(7), 989.

4. Zendulka, O., Dovrtělová, G., Nosková, K., Turjap, M., Šulcová, A., Hanuš, L., Juřica, J., & Juřica, E. (2016). Cannabinoids and Cytochrome P450 Interactions. Current Drug Metabolism, 17(3), 206–226.

sexta-feira, 1 de março de 2024

Sobre os elementos e a Medicina Tradicional Chinesa


 A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) não é apenas sobre curar o corpo, mas também sobre nutrir a mente e o espírito. Uma maneira incrível de fazer isso é através da expressão criativa, unindo a MTC e a arte.

🌊 Elemento Água e Emoções: Na MTC, o elemento água está relacionado às emoções. Pode representar a profundidade das nossas emoções internas. Use a pintura ou a escrita para explorar sentimentos profundos e a intuição.

🔥 Elemento Fogo e Paixão: O fogo está associado à paixão e à energia. Deixe sua criatividade brilhar com cores vibrantes e formas ousadas. A dança, por exemplo, é uma forma de expressão que reflete o elemento fogo.

🌿 Elemento Madeira e Crescimento: A madeira representa o crescimento e a expansão. Ao criar, você está permitindo que sua criatividade cresça como uma árvore saudável. Experimente a escultura ou a jardinagem.

🌍 Elemento Terra e Estabilidade: A terra simboliza estabilidade e equilíbrio. Tente a cerâmica ou a jardinagem para se conectar com a sensação de firmeza e segurança.

🌬 Elemento Metal e Precisão: O metal é associado à precisão e ao discernimento. A caligrafia ou a música clássica exigem um alto grau de precisão, o que pode ser uma maneira terapêutica de expressar sua criatividade.

🧘 MTC e Mindfulness: A criação artística pode ser uma forma de meditação ativa. Concentre-se no processo criativo, permitindo que sua mente se acalme e você se conecte mais profundamente consigo mesmo.

Lembre-se, não há maneira "certa" ou "errada" de ser criativo. O importante é explorar e expressar a sua singularidade. Deixe a MTC e a arte se entrelaçarem, criando um espaço onde sua criatividade possa florescer e sua jornada de autocuidado possa prosperar.

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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

O Canabidiol como potencializador de rendimento para atletas



O uso de canabidiol (CBD), um dos principais compostos encontrados na planta Cannabis sativa, tem despertado interesse crescente entre atletas de diversas modalidades esportivas. Este texto aborda os potenciais benefícios do CBD para atletas, com base em evidências científicas disponíveis na literatura.


**1. Redução da Inflamação e Dor**


O CBD demonstrou propriedades anti-inflamatórias e analgésicas em estudos pré-clínicos e clínicos. Sua interação com receptores endocanabinoides no sistema nervoso central e periférico regula a resposta inflamatória, reduzindo a dor e o desconforto associados ao treinamento intenso e lesões esportivas (Booz, 2011).


**Referência:** Booz, G. W. (2011). Cannabidiol as an emergent therapeutic strategy for lessening the impact of inflammation on oxidative stress. Free Radical Biology and Medicine, 51(5), 1054-1061.


**2. Melhoria na Recuperação Muscular**


Estudos sugerem que o CBD pode auxiliar na recuperação muscular pós-exercício, reduzindo a rigidez e acelerando a regeneração muscular. Além disso, seu potencial para melhorar a qualidade do sono pode favorecer a recuperação física e mental dos atletas (McCartney et al., 2020).


**Referência:** McCartney, D., Benson, M. J., Desbrow, B., Irwin, C., & Suraev, A. (2020). Cannabidiol and sports performance: a narrative review of relevant evidence and recommendations for future research. Sports Medicine - Open, 6(1), 27.


**3. Redução da Ansiedade e Estresse**


O CBD tem sido associado à redução da ansiedade e do estresse em diversos contextos. Para atletas, isso pode ser especialmente relevante durante competições de alto nível, ajudando a melhorar o foco, a concentração e o desempenho sob pressão (Linares et al., 2019).


**Referência:** Linares, I. M., Zuardi, A. W., Pereira, L. C., Queiroz, R. H., Mechoulam, R., Guimarães, F. S., & Crippa, J. A. (2019). Cannabidiol presents an inverted U-shaped dose-response curve in a simulated public speaking test. Brazilian Journal of Psychiatry, 41(1), 9-14.


**Conclusão**


Embora mais pesquisas sejam necessárias para elucidar completamente os efeitos do CBD no desempenho atlético, as evidências disponíveis sugerem que este composto possui potencial para beneficiar os atletas, principalmente no que diz respeito à redução da inflamação, dor, recuperação muscular e estresse. No entanto, é importante que os atletas consultem profissionais de saúde antes de iniciar o uso de CBD, especialmente considerando questões de regulamentação e possíveis interações medicamentosas.


**Referências Adicionais**


- Huestis, M. A. (2007). Human cannabinoid pharmacokinetics. Chemistry & Biodiversity, 4(8), 1770-1804.

- Johnson, J. R., Burnell-Nugent, M., Lossignol, D., Ganae-Motan, E. D., Potts, R., & Fallon, M. T. (2010). Multicenter, double-blind, randomized, placebo-controlled, parallel-group study of the efficacy, safety, and tolerability of THC: CBD extract and THC extract in patients with intractable cancer-related pain. Journal of Pain and Symptom Management, 39(2), 167-179.

- Shannon, S., & Opila-Lehman, J. (2016). Cannabidiol oil for decreasing addictive use of marijuana: a case report. Integrative Medicine: A Clinician's Journal, 15(4), 34-38.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

O Potencial Terapêutico da Cannabis Medicinal no Tratamento da Leucemia: Uma Revisão Científica

A leucemia é uma neoplasia hematológica caracterizada pela proliferação descontrolada de células precursoras do sangue na medula óssea. O tratamento convencional inclui quimioterapia, radioterapia e transplante de medula óssea, mas essas abordagens muitas vezes causam efeitos colaterais significativos. Este artigo revisa a literatura científica atual sobre o uso da Cannabis medicinal como uma potencial abordagem terapêutica no tratamento da leucemia.


**Introdução:**

A Cannabis medicinal tem atraído considerável atenção devido aos seus compostos bioativos, principalmente os canabinoides, que demonstraram atividades anti-inflamatórias, antioxidantes e antitumorais em estudos pré-clínicos. A presença de receptores canabinoides no sistema imunológico e na medula óssea sugere uma possível aplicação terapêutica no tratamento da leucemia.


**Mecanismos de Ação:**

Estudos indicam que os canabinoides, como o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), podem induzir a apoptose (morte programada) em células leucêmicas, inibir a angiogênese e modular a resposta imunológica. Além disso, os canabinoides podem atuar sinergicamente com agentes quimioterápicos convencionais, melhorando a eficácia do tratamento e reduzindo os efeitos adversos.


**Resultados Clínicos e Estudos Pré-Clínicos:**

Vários estudos pré-clínicos em modelos animais de leucemia demonstraram a eficácia dos canabinoides no controle do crescimento tumoral e na melhoria dos sintomas associados à leucemia. No entanto, são necessários mais ensaios clínicos controlados para validar esses resultados em humanos.


**Segurança e Efeitos Colaterais:**

Apesar do potencial terapêutico, a segurança do uso da Cannabis medicinal em pacientes com leucemia deve ser cuidadosamente considerada, especialmente devido aos efeitos psicoativos do THC. A dosagem precisa e o monitoramento médico são essenciais para minimizar riscos e otimizar benefícios.


**Conclusão:**

Os estudos revisados sugerem que a Cannabis medicinal possui propriedades antitumorais promissoras no tratamento da leucemia. No entanto, são necessárias pesquisas adicionais para estabelecer protocolos de tratamento eficazes, determinar a segurança a longo prazo e avaliar os benefícios clínicos em pacientes humanos. A integração da Cannabis medicinal no arsenal terapêutico da leucemia requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo pesquisadores, oncologistas e profissionais de saúde.


**Referências:**

1. Velasco G, Sánchez C, Guzmán M. Anticancer mechanisms of cannabinoids. Current Oncology. 2016;23(2):S23-S32.

2. McAllister SD, Soroceanu L, Desprez PY. The antitumor activity of plant-derived non-psychoactive cannabinoids. Journal of Neuroimmune Pharmacology. 2015;10(2):255-267.

3. Nabissi M, Morelli MB, Santoni M, et al. Triggering of the TRPV2 channel by cannabidiol sensitizes glioblastoma cells to cytotoxic chemotherapeutic agents. Carcinogenesis. 2013;34(1):48-57.

4. Scott KA, Dalgleish AG, Liu WM. The combination of cannabidiol and Δ9-tetrahydrocannabinol enhances the anticancer effects of radiation in an orthotopic murine glioma model. Molecular Cancer Therapeutics. 2014;13(12):2955-2967.

O THCV no manejo da Diabetes e no controle de peso.

 A diabetes mellitus é uma condição metabólica caracterizada por hiperglicemia crônica decorrente de defeitos na secreção e/ou ação da insul...