sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Novos estudos e avanços no uso da Cannabis Medicinal na Dor Crônica e patologias ortopédicas


O uso medicinal da Cannabis em patologias ortopédicas ainda está em desenvolvimento, e muitos dos resultados são preliminares. No entanto, com base nas evidências atuais, algumas das condições ortopédicas em que a Cannabis medicinal tem mostrado potencial incluem:

1. Dor crônica: Particularmente eficaz em condições como:

   - Artrite (tanto osteoartrite quanto artrite reumatoide)

   - Dor lombar crônica

   - Fibromialgia

2. Inflamação: Os canabinoides têm propriedades anti-inflamatórias que podem ser benéficas em:

   - Tendinites

   - Bursites

   - Lesões esportivas

3. Espasticidade muscular: Útil em condições como:

   - Esclerose múltipla

   - Lesões na medula espinhal

4. Neuropatia periférica: Pode ajudar a aliviar a dor neuropática associada a:

   - Síndrome do túnel do carpo

   - Neuropatia diabética

5. Osteoporose: Alguns estudos sugerem que os canabinoides podem ter um papel na saúde óssea.

É importante ressaltar que, embora haja evidências promissoras para essas condições, a eficácia pode variar de pessoa para pessoa. Além disso, o uso de Cannabis medicinal deve sempre ser feito sob orientação médica, considerando os potenciais benefícios e riscos para cada paciente individual


-- Mecanismos de ação da Cannabis medicinal em patologias ortopédicas:


A Cannabis medicinal atua principalmente através do sistema endocanabinoide do corpo, que está envolvido na regulação da dor, inflamação e função imunológica. Os principais componentes ativos são:

- THC (tetrahidrocanabinol): Age nos receptores CB1 e CB2, principalmente no sistema nervoso central, ajudando a modular a percepção da dor.

- CBD (canabidiol): Tem efeitos anti-inflamatórios e analgésicos, atuando em vários receptores além dos canabinoides.

Em patologias ortopédicas, esses compostos podem:

- Reduzir a inflamação através da inibição de citocinas pró-inflamatórias.

- Diminuir a dor por meio da modulação dos sinais nociceptivos.

- Relaxar os músculos, ajudando em condições de espasticidade.

- Potencialmente influenciar o metabolismo ósseo, embora isso ainda esteja em estudo.


-- Potenciais efeitos colaterais ou riscos:

Embora a Cannabis medicinal possa oferecer benefícios, é importante considerar os possíveis efeitos colaterais:

- Efeitos psicoativos (principalmente com THC): alterações de humor, cognição e percepção.

- Sonolência e fadiga.

- Boca seca e aumento do apetite.

- Tontura e alterações na pressão arterial.

- Possível interação com outros medicamentos.

- Risco de dependência, especialmente com o uso prolongado de produtos ricos em THC.

- Potencial para exacerbar condições de saúde mental em indivíduos predispostos.

É crucial que o uso seja monitorado por um profissional de saúde para ajustar dosagens e minimizar riscos.


--  Estado atual da pesquisa e evidências científicas:


A pesquisa sobre Cannabis medicinal em ortopedia está em constante evolução:

- Dor crônica: Há evidências moderadas a fortes de que canabinoides podem ser eficazes no tratamento da dor crônica, incluindo dor neuropática e dor relacionada à artrite.

- Inflamação: Estudos pré-clínicos mostram resultados promissores, mas são necessários mais ensaios clínicos em humanos para confirmar a eficácia anti-inflamatória em condições ortopédicas específicas.

- Saúde óssea: Pesquisas preliminares sugerem que o CBD pode promover a cicatrização de fraturas e potencialmente prevenir a perda óssea, mas esses achados ainda precisam ser validados em estudos clínicos maiores.

- Espasticidade: Há evidências sólidas para o uso de canabinoides no tratamento da espasticidade relacionada à esclerose múltipla, que pode ter implicações para outras condições ortopédicas.

- Necessidade de mais estudos: Enquanto os resultados iniciais são promissores, há uma necessidade clara de mais estudos clínicos randomizados, controlados e de longo prazo para estabelecer definitivamente a eficácia e segurança da Cannabis medicinal em várias condições ortopédicas.

É importante notar que, embora haja um interesse crescente e resultados promissores, a Cannabis medicinal ainda não é considerada um tratamento de primeira linha para a maioria das condições ortopédicas. Seu uso deve ser considerado como parte de uma abordagem de tratamento abrangente, sempre sob orientação médica.


Bibliografia:

1. Fitzcharles, M. A., Häuser, W., Shir, Y., & Katz, N. (2021). Medical cannabis for rheumatic diseases: where do we stand?. Nature Reviews Rheumatology, 17(4), 204-212.

   - Esta revisão abrange o uso de cannabis medicinal em doenças reumáticas, incluindo artrite, discutindo mecanismos de ação e evidências clínicas.


2. Vučković, S., Srebro, D., Vujović, K. S., Vučetić, Č., & Prostran, M. (2018). Cannabinoids and pain: new insights from old molecules. Frontiers in pharmacology, 9, 1259.

   - Este artigo fornece uma visão geral abrangente dos mecanismos de ação dos canabinoides no tratamento da dor, incluindo dor neuropática e inflamatória.


3. Mlost, J., Bryk, M., & Starowicz, K. (2020). Cannabidiol for pain treatment: focus on pharmacology and mechanism of action. International journal of molecular sciences, 21(22), 8870.

   - Esta revisão se concentra especificamente no CBD, discutindo seu potencial terapêutico e mecanismos de ação em várias condições dolorosas.


4. Whiting, P. F., Wolff, R. F., Deshpande, S., Di Nisio, M., Duffy, S., Hernandez, A. V., ... & Kleijnen, J. (2015). Cannabinoids for medical use: a systematic review and meta-analysis. Jama, 313(24), 2456-2473.

   - Esta meta-análise abrangente avalia a eficácia e segurança dos canabinoides para uso médico, incluindo condições relevantes para a ortopedia.


5. Kogan, N. M., & Mechoulam, R. (2007). Cannabinoids in health and disease. Dialogues in clinical neuroscience, 9(4), 413.

   - Embora mais antiga, esta revisão fornece uma base sólida para entender o sistema endocanabinoide e o potencial terapêutico dos canabinoides em várias condições de saúde, incluindo algumas relevantes para a ortopedia.

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