No contexto da gestação e amamentação, o aleitamento materno fortalece significativamente o sistema imunológico do bebê, previne alterações gastrointestinais e respiratórias e reduz a mortalidade infantil. Além disso, o leite materno é perfeitamente adaptado às necessidades nutricionais específicas do bebê, promovendo um desenvolvimento saudável. Contudo, é fundamental considerar que substâncias presentes no corpo da mãe podem ser transferidas ao bebê através do leite materno, assim como durante a gestação. Diante disso, surge uma questão fundamental: é seguro prescrever canabidiol (CBD) durante a gestação e a amamentação? Este post abordará essa questão em detalhe, analisando os potenciais riscos e benefícios.
Embora o CBD seja considerado seguro, seus efeitos em populações vulneráveis, como gestantes, lactantes e neonatos, ainda precisam de mais estudos. Com o reconhecimento crescente dos potenciais terapêuticos da Cannabis e sua integração como uma terapia complementar em diversos contextos clínicos, compreender profundamente as implicações do CBD na prática clínica torna-se essencial. É crucial orientar os pacientes de forma segura e tecnicamente apropriada em relação ao uso de CBD em diferentes contextos clínicos, especialmente durante a gestação e amamentação.
A segurança do uso de CBD durante a gestação e a amamentação é um campo de estudo emergente e ainda insuficientemente explorado. Com o crescente interesse pelo canabidiol como terapia alternativa, especialmente em casos onde as terapias convencionais frequentemente falham ou apresentam efeitos colaterais indesejados, torna-se essencial avaliar minuciosamente suas implicações. Os principais pontos de atenção incluem:
- Transferência para o Leite Materno: Há evidências de que fitocanabinoides, incluindo o CBD, podem ser excretados no leite materno. Estudos limitados indicam que compostos da Cannabis são detectáveis no leite materno por até seis dias após o uso. No entanto, a concentração de CBD e sua biodisponibilidade para o neonato ainda são questões abertas que necessitam de maiores esclarecimentos.
- Evidências Clínicas e Pré-Clínicas: Até o momento, os dados disponíveis são insuficientes para uma conclusão definitiva. Estudos em modelos animais e observações clínicas sugerem que o uso de CBD por mães gestantes e lactantes não resulta em efeitos adversos significativos em seus bebês. No entanto, a ausência de estudos longitudinalmente robustos impede uma avaliação completa dos possíveis riscos a longo prazo.
- Riscos Potenciais: Sem dados concretos, os riscos potenciais para o desenvolvimento neurológico e outros sistemas corporais do neonato permanecem desconhecidos. Sabemos que o THC, um componente psicoativo da Cannabis, pode afetar negativamente o desenvolvimento do sistema nervoso. Embora o CBD não possua as mesmas propriedades psicotrópicas, a falta de pesquisa específica sobre seu impacto a longo prazo é uma preocupação válida.
- Epilepsia grave e refratária a outras drogas antiepilépticas (DAEs)
- Transtornos psiquiátricos graves refratários e mal controlados, como:
- Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) em uso de múltiplos medicamentos;
- Transtorno depressivo com risco de suicídio;
- Transtorno de abuso de substâncias;
- Transtornos psicóticos severos;
- Transtorno Bipolar Afetivo;
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo;
- Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
- Quadros de dor crônica incapacitante refratária a combinações medicamentosas diversas e intervenções cirúrgicas e minimamente invasivas.
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