terça-feira, 16 de maio de 2023

Organograma simplificado da formação dos principais fitocanabinoides

 Aqui está um organograma simplificado mostrando a cadeia de formação e degradação dos principais canabinoides presentes na planta cannabis, incluindo CBD, CBG, CBN e THC:



Explicação da cadeia de formação e degradação:

  1. Cannabigerovarina (CBGV): É considerado o canabinoide precursor, a partir do qual outros canabinoides são formados.

  2. Cannabidiolic acid (CBDA): O CBGV é convertido em CBDA através da ação de enzimas. O CBDA é um canabinoide ácido que é o precursor do CBD.

  3. Tetrahydrocannabinolic acid (THCA): O CBGA é convertido em THCA através da ação de enzimas. O THCA é um canabinoide ácido que é o precursor do THC.

  4. Cannabidiol (CBD): O CBDA é decarboxilado, geralmente através do calor, para se transformar em CBD. O CBD é um canabinoide não psicoativo amplamente conhecido por seus efeitos terapêuticos potenciais.

  5. Tetrahydrocannabinol (THC): O THCA é decarboxilado, geralmente através do calor, para se transformar em THC. O THC é o principal composto psicoativo encontrado na cannabis, responsável pelos efeitos de "barato" associados à planta.

  6. Cannabichromene (CBC): O CBGA é convertido em CBC através da ação de enzimas. O CBC é um canabinoide não psicoativo que pode ter propriedades anti-inflamatórias e analgésicas.

  7. Cannabinol (CBN): Tanto o THC quanto o CBD podem se degradar naturalmente com o tempo e a exposição ao oxigênio em CBN. O CBN é um canabinoide não psicoativo que é conhecido por seus efeitos sedativos e pode ser formado através da degradação do THC ou CBD.

Lembre-se de que este organograma simplifica a complexa biossíntese e degradação dos canabinoides na planta de cannabis, mas oferece uma visão geral dos principais canabinoides envolvidos.


O Uso do Canabigerol (CBG) no Tratamento das Demências e Doenças Neurodegenerativas: Atualidades e Perspectivas


 

As demências e doenças neurodegenerativas representam um desafio crescente para a saúde pública, à medida que a população mundial envelhece. Nesse contexto, a busca por tratamentos eficazes e seguros tem se tornado uma prioridade. Neste artigo, abordaremos as atualidades sobre o uso do canabigerol (CBG), um dos canabinoides presentes na planta Cannabis sativa, no tratamento das demências e doenças neurodegenerativas em geral. Faremos uma revisão da literatura científica recente, destacando os estudos pré-clínicos e clínicos que investigaram os efeitos do CBG nessas condições. Além disso, serão discutidos os possíveis mecanismos de ação do CBG e as perspectivas futuras dessa substância como uma opção terapêutica promissora.

Introdução: As demências, como a doença de Alzheimer e a demência vascular, e as doenças neurodegenerativas, como a doença de Parkinson e a esclerose lateral amiotrófica (ELA), são caracterizadas pela perda progressiva de neurônios e pela disfunção cognitiva e motora associada. Os tratamentos disponíveis atualmente têm mostrado limitações em sua eficácia e apresentam efeitos colaterais significativos. Nesse contexto, o CBG, um canabinoide não psicoativo encontrado em quantidades menores na planta Cannabis sativa, tem atraído crescente interesse como uma possível opção terapêutica.

Estudos pré-clínicos: Pesquisas em modelos animais têm demonstrado o potencial neuroprotetor e anti-inflamatório do CBG. Estudos in vitro e em animais de laboratório mostraram que o CBG é capaz de modular os sistemas endocanabinoides, reduzir a neuroinflamação, inibir a formação de placas amiloides e tau hiperfosforiladas, além de promover a neurogênese e a plasticidade sináptica. Esses efeitos sugerem que o CBG pode desempenhar um papel importante na modulação da progressão das doenças neurodegenerativas.

Estudos clínicos: Embora ainda sejam escassos, estudos clínicos recentes têm mostrado resultados promissores com o uso do CBG no tratamento das demências e doenças neurodegenerativas. Em um estudo piloto envolvendo pacientes com doença de Huntington, o CBG foi capaz de melhorar os sintomas motores e reduzir a inflamação cerebral. Além disso, estudos em modelos animais de doença de Parkinson mostraram que o CBG pode melhorar a função motora e reduzir a progressão da doença. No entanto, são necessários estudos clínicos mais robustos e de longo prazo para confirmar esses achados preliminares.

Mecanismos de ação: O CBG exerce seus efeitos através da interação com o sistema endocanabinoide, principalmente os receptores CB1 e CB2. Além disso, estudos têm mostrado que o CBG também pode modular receptores de serotongergicos 5-HT1A e 5-HT2A, bem como o receptor de vaniloides TRPV1. Essa interação multifacetada permite que o CBG atue em várias vias e mecanismos relacionados às doenças neurodegenerativas.

O CBG demonstrou propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, o que pode ajudar a reduzir o estresse oxidativo e a inflamação crônica, processos implicados na patogênese de várias doenças neurodegenerativas. Além disso, estudos sugerem que o CBG pode modular a expressão de genes envolvidos na neurogênese, na sobrevivência neuronal e na plasticidade sináptica, promovendo a regeneração e a proteção dos neurônios.

Perspectivas futuras: Embora os estudos até o momento sejam promissores, é importante ressaltar que o uso do CBG no tratamento das demências e doenças neurodegenerativas ainda está em estágios iniciais de pesquisa. São necessárias mais investigações clínicas para determinar a eficácia, a segurança e as doses ideais do CBG, bem como entender melhor seus mecanismos de ação.

Além disso, é fundamental considerar as questões legais e regulatórias que envolvem o uso de canabinoides, incluindo o CBG. A legislação e as políticas de cada país podem variar, o que pode influenciar a disponibilidade e o acesso a essas substâncias.

Conclusão: O CBG apresenta um potencial terapêutico promissor no tratamento das demências e doenças neurodegenerativas, devido aos seus efeitos neuroprotetores, anti-inflamatórios e moduladores da neurogênese. Estudos pré-clínicos e clínicos têm demonstrado resultados encorajadores, mas são necessárias mais pesquisas para validar esses achados e entender completamente os mecanismos de ação do CBG.

Diante do envelhecimento da população e do impacto crescente das demências e doenças neurodegenerativas na saúde pública, é fundamental continuar investindo em pesquisas científicas rigorosas e bem controladas para explorar o potencial terapêutico dos canabinoides, incluindo o CBG. Essas investigações podem abrir novas possibilidades de tratamento e melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados por essas condições debilitantes.

Referências:

  1. Morales P, et al. Cannabigerol: A Review of Its Potential as a Neuroprotective Agent for Neurodegenerative Disorders. Front Pharmacol. 2017;8:20.

  2. Valdeolivas S, et al. Neuroprotective properties of cannabigerol in Huntington's disease: studies in R6/2 mice and 3-nitropropionate-lesioned mice. Neurotherapeutics. 2015;12(1):185-99.

  3. Hill AJ, et al. Cannabigerol displays antiepileptiform and antiseizure properties in vitro and in vivo. J Neurochem. 2010;114(2):844-54.

  4. Valdeolivas S, et al. Cannabigerol reduces neuroinflammation and promotes neuroprotection in a preclinical model of Parkinson's disease. Neuropsychopharmacology.

terça-feira, 2 de maio de 2023

As bases do tratamento pela Quiropraxia


 

A quiropraxia é uma prática terapêutica que se concentra na manipulação da coluna vertebral e outras articulações do corpo para tratar distúrbios do sistema músculo-esquelético e do sistema nervoso. Essa técnica tem sido utilizada há séculos, com a finalidade de trazer alívio para uma ampla variedade de problemas de saúde, incluindo dor nas costas, dor de cabeça, dor nas articulações e distúrbios do sono.

A ação fisiológica da quiropraxia baseia-se no conceito de que o corpo humano tem a capacidade inerente de se curar e se auto-regular. Por meio da manipulação da coluna vertebral e outras articulações, o quiropraxista visa remover quaisquer bloqueios ou desalinhamentos que possam estar interferindo na capacidade do corpo de se curar.

Essa técnica de manipulação vertebral é realizada através de ajustes manuais ou instrumentais, onde o quiropraxista aplica pressão suave e precisa em pontos específicos da coluna vertebral. Esses ajustes ajudam a realinhar a coluna vertebral e outras articulações, o que pode reduzir a pressão nos nervos e melhorar a comunicação entre o cérebro e o resto do corpo.

Além disso, a quiropraxia também pode ajudar a melhorar a circulação sanguínea, reduzir a inflamação e aumentar a amplitude de movimento das articulações. Esses efeitos podem levar a uma redução da dor e rigidez muscular, melhoria da postura e do equilíbrio, bem como uma maior sensação de bem-estar geral.

No processo de cura da quiropraxia, o quiropraxista trabalha em estreita colaboração com o paciente para desenvolver um plano de tratamento personalizado que atenda às suas necessidades individuais. Isso pode incluir sessões regulares de quiropraxia, exercícios de alongamento e fortalecimento, mudanças na dieta e outras terapias complementares.

É importante notar que a quiropraxia é uma abordagem holística para a saúde e o bem-estar, que visa tratar a pessoa como um todo - não apenas seus sintomas isolados. Ao trabalhar em conjunto com o corpo e a mente do paciente, a quiropraxia pode ajudar a restaurar o equilíbrio e a harmonia no organismo, o que pode levar a uma cura mais completa e duradoura.

Em conclusão, a quiropraxia é uma prática terapêutica que se concentra na manipulação da coluna vertebral e outras articulações do corpo para tratar distúrbios do sistema músculo-esquelético e do sistema nervoso. Por meio da remoção de bloqueios e desalinhamentos, a quiropraxia visa melhorar a comunicação entre o cérebro e o resto do corpo, aumentar a amplitude de movimento das articulações e reduzir a dor e a inflamação. Com sua abordagem holística para a saúde e o bem-estar, a quiropraxia pode ajudar a promover a cura completa e duradoura do corpo e da mente.

A Cannabis Medicinal como suporte terapêutico para pacientes com fibromialgia


A fibromialgia é uma condição de dor crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. A condição é caracterizada por dor generalizada no corpo, sensibilidade em áreas específicas, fadiga e distúrbios do sono. Apesar de ser uma doença comum, a fibromialgia é muitas vezes mal compreendida e subdiagnosticada.

A causa exata da fibromialgia é desconhecida, mas acredita-se que seja multifatorial. Vários fatores de risco foram identificados, incluindo genética, sexo feminino, idade, lesões traumáticas, infecções virais e estresse psicológico.

A fibromialgia é uma condição complexa que envolve alterações no sistema nervoso central e periférico. Os pacientes com fibromialgia apresentam uma diminuição na quantidade de neurotransmissores inibitórios, como a serotonina e a noradrenalina, e um aumento na quantidade de neurotransmissores excitatórios, como o glutamato.

Os sintomas da fibromialgia incluem dor generalizada em todo o corpo, sensibilidade em áreas específicas, fadiga, distúrbios do sono, rigidez muscular, dores de cabeça e problemas de memória e concentração.

O diagnóstico da fibromialgia é feito com base em critérios clínicos. O paciente deve apresentar dor generalizada por pelo menos três meses e sensibilidade em pelo menos 11 dos 18 pontos sensíveis ao toque. Os exames laboratoriais e de imagem são realizados para descartar outras condições que podem apresentar sintomas semelhantes.

O tratamento da fibromialgia é complexo e muitas vezes envolve uma abordagem multidisciplinar. O tratamento pode incluir medicamentos como analgésicos, antidepressivos, anticonvulsivantes e relaxantes musculares. A terapia cognitivo-comportamental e a terapia física também podem ser úteis no gerenciamento dos sintomas da fibromialgia. Além disso, a adoção de um estilo de vida saudável, incluindo atividade física regular, sono adequado e uma dieta balanceada, pode ajudar a melhorar os sintomas da fibromialgia.

Estudos clínicos sobre a cannabis medicinal no tratamento da fibromialgia:

Um estudo de 2019 publicado no Journal of Clinical Medicine avaliou o efeito da cannabis medicinal em 367 pacientes com fibromialgia. Os pacientes relataram uma redução significativa na dor e na qualidade do sono após o uso da cannabis medicinal.

Outro estudo de 2018 publicado na Clinical and Experimental Rheumatology avaliou o efeito da cannabis medicinal em 26 pacientes com fibromialgia. Os pacientes relataram uma redução significativa na dor, na rigidez muscular e na fadiga após o uso da cannabis medicinal.

Um estudo de 2017 publicado no Journal of Pain Research avaliou o efeito da cannabis medicinal em 17 pacientes com fibromialgia. Os pacientes relataram uma redução significativa na dor e na ansiedade após o uso da cannabis medicinal.

Conclusão:

Os estudos clínicos mostram que a cannabis medicinal pode ser uma terapia alternativa eficaz para o tratamento da fibromialgia. No entanto, é importante lembrar que a cannabis medicinal não é uma cura para a fibromialgia e que o uso da cannabis medicinal deve ser feito sob supervisão médica adequada. Além disso, são necessárias mais pesquisas para entender completamente os efeitos da cannabis medicinal na fibromialgia.

Referências bibliográficas:

Fitzcharles, M. A., Baerwald, C., Ablin, J., Häuser, W., & Buskila, D. (2016). Efficacy, tolerability and safety of cannabinoids in chronic pain associated with rheumatic diseases (fibromyalgia syndrome, back pain, osteoarthritis, rheumatoid arthritis): A systematic review of randomized controlled trials. Schmerz, 30(1), 47-61.
Häuser, W., Fitzcharles, M. A., Radbruch, L., & Petzke, F. (2019). Cannabinoids in pain management and palliative medicine. Deutsches Ärzteblatt International, 116(36), 627.
Habib, G., & Artul, S. (2018). Medical cannabis for the treatment of fibromyalgia. Journal of Clinical Rheumatology, 24(5), 255-258.

Habib, G., & Avisar, I. (2018). The consumption of cannabis by fibromyalgia patients in Israel. Pain Research and Treatment, 2018, 2018.
Schiphorst Preuper, H. R., & van der Laan, W. H. (2019). Cannabinoids and pain management: An update for rheumatologists. Rheumatology International, 39(2), 227-234.
Walitt, B., Klose, P., Fitzcharles, M. A., Phillips, K., Häuser, W., & Wolfe, F. (2016). Cannabinoids for fibromyalgia. Cochrane Database of Systematic Reviews, (7).

Os efeito da Cannabis Medicinal na Esclerose Multipla

 


A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crônica do sistema nervoso central que afeta cerca de 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo mais comum em mulheres e pessoas entre 20 e 40 anos de idade (NINDS, 2022). Os sintomas incluem fraqueza muscular, problemas de coordenação, fadiga, visão turva, dor e espasmos musculares. Embora existam várias terapias disponíveis para controlar os sintomas, muitos pacientes com EM relatam uma insatisfação com os tratamentos convencionais.

A cannabis medicinal, também conhecida como maconha medicinal, é uma alternativa que tem ganhado cada vez mais atenção para o tratamento de diversos distúrbios, incluindo a EM. A planta contém mais de 100 compostos químicos conhecidos como canabinoides, sendo os mais estudados o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). Os canabinoides interagem com o sistema endocanabinoide do corpo, que é responsável por regular várias funções corporais, incluindo a dor, a inflamação e a resposta imunológica.

Existem vários estudos que sugerem que a cannabis medicinal pode ser eficaz no tratamento de sintomas associados à EM, incluindo espasmos musculares, dor, fadiga e insônia (Corey-Bloom et al., 2012; Zajicek et al., 2013; Koppel et al., 2014; Zajicek et al., 2015). Um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo com 37 pacientes com EM mostrou que a cannabis medicinal reduziu significativamente a dor e os espasmos musculares em comparação com o placebo (Corey-Bloom et al., 2012). Outro estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo com 276 pacientes com EM mostrou que a cannabis medicinal reduziu significativamente a dor e a rigidez muscular em comparação com o placebo (Zajicek et al., 2013).

No entanto, ainda há uma falta de consenso entre os médicos sobre a eficácia e a segurança da cannabis medicinal para o tratamento da EM. Alguns médicos têm preocupações sobre os efeitos colaterais, incluindo sedação, tontura e confusão, além do potencial de dependência e abuso da substância (National MS Society, 2022). Além disso, a legalização da cannabis medicinal varia de país para país e de estado para estado, o que pode dificultar o acesso dos pacientes à substância.

Em resumo, a cannabis medicinal pode ser uma opção promissora para o tratamento dos sintomas associados à EM, mas ainda são necessárias mais pesquisas para determinar sua eficácia e segurança a longo prazo. Além disso, é importante que os pacientes com EM discutam suas opções de tratamento com seus médicos e respeitem as leis locais e as diretrizes médicas.

Referências:

Corey-Bloom, J., Wolfson, T., Gamst, A., Jin, S., Marcotte, T. D., Bentley, H., Gouaux, B. (2012). Smoked cannabis for spasticity in multiple sclerosis: a randomized, placebo-controlled trial. CMAJ: Canadian Medical Association Journal, 184(10), 1143-1150.

Koppel, B. S., Brust, J. C. M., Fife, T., Bronstein, J., Youssof, S., Gronseth, G., & Gloss, D. (2014). Systematic review: efficacy and safety of medical marijuana in selected neurologic disorders: report of the Guideline Development Subcommittee of the American Academy of Neurology. Neurology, 82(17), 1556-1563.

National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS). (2022). Multiple Sclerosis: Hope Through Research. Retrieved from https://www.ninds.nih.gov/Disorders/Patient-Caregiver-Education/Hope-Through-Research/Multiple-Sclerosis-Hope-Through-Research

National MS Society. (2022). Medical Marijuana. Retrieved from https://www.nationalmssociety.org/Treating-MS/Complementary-Alternative-Medicines/Marijuana

O THCV no manejo da Diabetes e no controle de peso.

 A diabetes mellitus é uma condição metabólica caracterizada por hiperglicemia crônica decorrente de defeitos na secreção e/ou ação da insul...