quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Atualizações do Uso da Cannabis Medicinal no Tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA)


 O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurodesenvolvimental caracterizada por dificuldades na comunicação social, padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos, frequentemente associada a comorbidades como ansiedade, distúrbios do sono, epilepsia e alterações sensoriais. Nos últimos anos, o uso da Cannabis medicinal, em especial o canabidiol (CBD), tem sido investigado como uma abordagem terapêutica promissora para auxiliar na redução de sintomas comportamentais e emocionais que impactam a qualidade de vida desses pacientes e de seus familiares.

O mecanismo de ação dos canabinoides no TEA está relacionado ao sistema endocanabinoide (SEC), uma rede complexa de receptores, endocanabinoides e enzimas que modulam funções fisiológicas como a neurotransmissão, a neuroinflamação e a plasticidade sináptica. Evidências sugerem que indivíduos com TEA podem apresentar disfunções nesse sistema, incluindo alterações na expressão de receptores CB1 e CB2, o que pode contribuir para déficits na regulação emocional e na excitabilidade neuronal (Zamberletti et al., 2017). O CBD, ao interagir indiretamente com esses receptores e modular a sinalização de neurotransmissores como GABA e glutamato, pode exercer um efeito ansiolítico, neuroprotetor e anti-inflamatório, favorecendo o equilíbrio neuroquímico e reduzindo sintomas de hiperexcitabilidade, irritabilidade e agressividade (Poleg et al., 2019).

Dentre os canabinoides estudados para o tratamento do TEA, o CBD tem se destacado por seu perfil de segurança e pela ausência de efeitos psicoativos, diferentemente do tetrahidrocanabinol (THC), que pode apresentar efeitos adversos, especialmente em pacientes pediátricos. Estudos clínicos sugerem que o CBD pode melhorar sintomas como ansiedade, insônia, comportamentos disruptivos e dificuldades na interação social. Em um estudo de Barchel et al. (2019), crianças com TEA tratadas com uma formulação rica em CBD apresentaram melhora significativa em parâmetros como inquietação, crises de birra e déficits na comunicação.

A dosagem do CBD no TEA deve ser individualizada, iniciando-se com doses baixas e aumentando gradualmente até atingir o efeito terapêutico desejado. Protocolos clínicos sugerem uma faixa de dose entre 0,5 mg/kg/dia e 5 mg/kg/dia, com ajustes progressivos conforme a resposta clínica do paciente (Aran et al., 2021). Monitoramento rigoroso é essencial para evitar efeitos adversos como sonolência, alterações gastrointestinais e interações medicamentosas, especialmente em pacientes que fazem uso concomitante de anticonvulsivantes ou neurolépticos.

As pesquisas sobre Cannabis medicinal no TEA estão em ascensão, mas ainda há necessidade de ensaios clínicos randomizados de longo prazo para estabelecer protocolos padronizados e compreender melhor os efeitos a longo prazo do tratamento. Apesar disso, os achados preliminares são promissores, indicando que o CBD pode representar uma opção terapêutica viável para pacientes com TEA que apresentam sintomas refratários às abordagens convencionais. A prescrição de canabinoides deve ser feita com base em evidências científicas atualizadas, respeitando as diretrizes regulatórias vigentes e garantindo acompanhamento clínico contínuo para otimização da terapia.

Referências Bibliográficas

  • Aran, A., Cassuto, H., Lubotzky, A., Wattad, N., & Hazan, E. (2021). Brief Report: Cannabidiol-Rich Cannabis in Children with Autism Spectrum Disorder and Severe Behavioral Problems—A Retrospective Feasibility Study. Journal of Autism and Developmental Disorders, 51(4), 1531–1538.

  • Barchel, D., Stolar, O., De-Haan, T., Ziv-Baran, T., Saban, N., Fuchs, D. O., Koren, G., & Berkovitch, M. (2019). Oral cannabidiol use in children with autism spectrum disorder to treat related symptoms and co-morbidities. Frontiers in Pharmacology, 9, 1521.

  • Poleg, S., Golubchik, P., Offen, D., & Weizman, A. (2019). Cannabidiol as a suggested candidate for treatment of autism spectrum disorder. Progress in Neuro-Psychopharmacology and Biological Psychiatry, 89, 90-96.

  • Zamberletti, E., Gabaglio, M., & Parolaro, D. (2017). The Endocannabinoid System and Autism Spectrum Disorders: Insights from Animal Models. International Journal of Molecular Sciences, 18(9), 1916.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Riscos do uso da Cannabis durante a gestação



    Ao longo da história, a cannabis foi amplamente utilizada por mulheres gestantes e puérperas para tratar uma variedade de condições, incluindo cólicas, irregularidades menstruais, disúria e urgência urinária, hiperêmese gravídica, dores associadas ao parto e hemorragia pós-parto.  A gestação é um período de profundas mudanças fisiológicas e hormonais no corpo da mulher. Durante esses nove meses, o corpo da gestante passa por alterações significativas para sustentar o desenvolvimento do feto. Entre essas mudanças estão o aumento do volume sanguíneo, modificação da função renal, ajustes metabólicos e hormonais, além da adaptação do sistema imunológico para proteger tanto a mãe quanto o bebê. Nesse contexto, o sistema endocanabinoide (SEC) desempenha um papel crucial nesse processo, regulando funções essenciais como a manutenção e proliferação de células-tronco neurais, controle da migração de neurônios recém-nascidos, especificação de subtipos neuronais e diferenciação de células neuronais e gliais.

    No contexto da gestação e amamentação, o aleitamento materno fortalece significativamente o sistema imunológico do bebê, previne alterações gastrointestinais e respiratórias e reduz a mortalidade infantil. Além disso, o leite materno é perfeitamente adaptado às necessidades nutricionais específicas do bebê, promovendo um desenvolvimento saudável. Contudo, é fundamental considerar que substâncias presentes no corpo da mãe podem ser transferidas ao bebê através do leite materno, assim como durante a gestação. Diante disso, surge uma questão fundamental: é seguro prescrever canabidiol (CBD) durante a gestação e a amamentação? Este post abordará essa questão em detalhe, analisando os potenciais riscos e benefícios.

Definição e Propriedades do Canabidiol

O canabidiol (CBD) é um dos mais de 120 fitocanabinoides encontrados na planta Cannabis sativa, diferindo do tetrahidrocanabinol (THC) por não causar efeitos psicotrópicos. Valorizado por suas propriedades terapêuticas, o CBD tem demonstrado benefícios em várias condições de saúde, incluindo ansiedade, dor crônica, inflamações diversas e epilepsia. Ele interage com o sistema endocanabinoide do corpo¹, modulando funções fisiológicas como percepção da dor, humor e resposta imunológica, sem causar as alterações mentais associadas ao THC.

Saiba mais sobre o Sistema Endocanabinoide: O que é o Sistema Endocanabinoide? (wecann.academy)

Embora o CBD seja considerado seguro, seus efeitos em populações vulneráveis, como gestantes, lactantes e neonatos, ainda precisam de mais estudos. Com o reconhecimento crescente dos potenciais terapêuticos da Cannabis e sua integração como uma terapia complementar em diversos contextos clínicos, compreender profundamente as implicações do CBD na prática clínica torna-se essencial. É crucial orientar os pacientes de forma segura e tecnicamente apropriada em relação ao uso de CBD em diferentes contextos clínicos, especialmente durante a gestação e amamentação.

Gestação, amamentação e CBD: Avaliando a Segurança

A segurança do uso de CBD durante a gestação e a amamentação é um campo de estudo emergente e ainda insuficientemente explorado. Com o crescente interesse pelo canabidiol como terapia alternativa, especialmente em casos onde as terapias convencionais frequentemente falham ou apresentam efeitos colaterais indesejados, torna-se essencial avaliar minuciosamente suas implicações. Os principais pontos de atenção incluem:

  • Transferência para o Leite Materno: Há evidências de que fitocanabinoides, incluindo o CBD, podem ser excretados no leite materno. Estudos limitados indicam que compostos da Cannabis são detectáveis no leite materno por até seis dias após o uso². No entanto, a concentração de CBD e sua biodisponibilidade para o neonato ainda são questões abertas que necessitam de maiores esclarecimentos.
  • Evidências Clínicas e Pré-Clínicas: Até o momento, os dados disponíveis são insuficientes para uma conclusão definitiva. Estudos em modelos animais e observações clínicas sugerem que o uso de CBD por mães gestantes e lactantes não resulta em efeitos adversos significativos em seus bebês³. No entanto, a ausência de estudos longitudinalmente robustos impede uma avaliação completa dos possíveis riscos a longo prazo.
  • Riscos Potenciais: Sem dados concretos, os riscos potenciais para o desenvolvimento neurológico e outros sistemas corporais do neonato permanecem desconhecidos. Sabemos que o THC, um componente psicoativo da Cannabis, pode afetar negativamente o desenvolvimento do sistema nervoso³. Embora o CBD não possua as mesmas propriedades psicotrópicas, a falta de pesquisa específica sobre seu impacto a longo prazo é uma preocupação válida.

 

Dada a crescente utilização do CBD como ferramenta terapêutica, é essencial que mais estudos sejam conduzidos para garantir a segurança e eficácia de seu uso, especialmente em populações vulneráveis como gestantes, lactantes e neonatos. Compreender completamente as implicações do CBD ajudará a garantir seu uso seguro e eficaz em diferentes contextos clínicos.

Potenciais Justificativas para o Uso de CBD Durante a Gestação e Amamentação

O sistema endocanabinoide (SEC) é um modulador crucial da homeostase no corpo humano, influenciando funções como sono, apetite, dor e resposta ao estresse. O CBD atua modulando os receptores canabinoides CB1 e CB2¹, bem como outros receptores não canabinoides, como o receptor de serotonina 5-HT1A. Esta interação complexa pode explicar os efeitos ansiolíticos, analgésicos e anti-inflamatórios observados em estudos pré-clínicos e clínicos. No entanto, o uso de derivados da cannabis durante a gestação e lactação é um tema extremamente delicado e requer um posicionamento rigoroso. Nossa orientação é prescrever derivados canabinoides apenas quando os potenciais terapêuticos superarem os riscos potenciais para o feto e a mãe, especialmente para contornar a refratariedade e os eventos adversos relacionados a outras opções medicamentosas. Exemplos de condições onde o uso de CBD poderia ser considerado incluem:

  • Epilepsia grave e refratária a outras drogas antiepilépticas (DAEs)
  • Transtornos psiquiátricos graves refratários e mal controlados, como:
  • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) em uso de múltiplos medicamentos;
  •  Transtorno depressivo com risco de suicídio;
  •  Transtorno de abuso de substâncias;
  • Transtornos psicóticos severos;
  • Transtorno Bipolar Afetivo;
  • Transtorno Obsessivo-Compulsivo;
  • Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
  • Quadros de dor crônica incapacitante refratária a combinações medicamentosas diversas e intervenções cirúrgicas e minimamente invasivas.

 

É fundamental destacar a falta de segurança de muitos fármacos frequentemente prescritos nestes cenários. Por exemplo:

  • Antidepressivos (como ISRS): Classificação de risco C na gravidez, podendo  estar associados a possíveis defeitos congênitos, como cardiopatias e complicações neonatais, como síndrome de abstinência neonatal e dificuldades respiratórias.
  • Antipsicóticos: Classificação de risco C ou D na gravidez, apresentam diferentes níveis de potencial de risco para o feto. Alguns antipsicóticos podem causar malformações congênitas específicas, enquanto outros têm sido associados a efeitos adversos no desenvolvimento fetal e neonatal, como distúrbios metabólicos e síndrome de abstinência neonatal.
  • Carbonato de lítio: Classificação de risco D na gravidez, associado a um aumento significativo no risco de malformações cardíacas e outros defeitos congênitos.
  • Drogas anticonvulsivantes: Classificação de risco D na gravidez, associadas a um aumento do risco de defeitos congênitos, especialmente defeitos do tubo neural, bem como riscos para o desenvolvimento neurológico e comportamental da criança.
  • Benzodiazepínicos: Classificação de risco D na gravidez, associados a sintomas de abstinência no neonato, como hipertonia, hiperreflexia, irritabilidade e tremores. Próximo ao parto, esses medicamentos podem induzir à síndrome “floppy baby”, caracterizada por hipotonia, hipotermia e dificuldades respiratórias. Além disso, estudos associaram benzodiazepínicos a um aumento no risco de abortos espontâneos e parto prematuro.
  • Gabapentinoides: Apresentam um perfil de segurança incerto na gravidez, com poucos estudos específicos, mas preocupações potenciais com o desenvolvimento fetal não podem ser descartadas.
  • Analgésicos opioides: Classificação de risco C na gravidez, com riscos potenciais para o feto, incluindo síndrome de abstinência neonatal e complicações respiratórias.

 

Para melhor entendimento, segue classificação das substâncias químicas de acordo com o seu potencial teratogênico segundo a FDA (Food and Drug Administration – EUA):

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Diante da gravidade e da refratariedade das condições clínicas previamente citadas e também, dos riscos conhecidos desses fármacos em altas dosagens, o uso de CBD poderia ser considerado uma tratamento alternativo e/ou complementar em casos selecionados, sob estrita supervisão médica qualificada. A capacidade do CBD em proporcionar alívio sintomático sem os riscos associados aos medicamentos convencionais pode ser benéfica para gestantes e lactantes que precisam de outras opções terapêuticas. No entanto, é crucial que essas decisões sejam cuidadosamente avaliadas por profissionais médicos capacitados, priorizando sempre a segurança e o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê.

Recomendações clínicas para a prescrição de CBD a Gestantes e Lactantes

Consulta com Especialistas: É imperativo que mães lactantes consultem médicos devidamente qualificados antes de iniciar o uso de CBD. A avaliação deve considerar:

  • Estado de saúde da mãe: Avaliar a condição médica da mãe e a necessidade terapêutica específica que justifique o uso do CBD.
  • Necessidades terapêuticas: Identificar se o CBD é realmente uma opção adequada ou se outras terapêuticas deveriam ser otimizadas e/ou iniciadas.
  • Bem-estar do bebê: Considerar os possíveis impactos no bebê, mesmo na ausência de dados conclusivos sobre a transferência e efeitos do CBD através da barreira placentária e do leite materno.

Monitoramento Clínico: Se o uso de CBD for considerado apropriado após a consulta e avaliação, é fundamental que a prescrição seja acompanhada de supervisão médica rigorosa. Isso inclui:

  • Monitoramento contínuo: Realizar acompanhamento regular para observar possíveis alterações na saúde da mãe e do bebê.
  • Saúde e comportamento do neonato: Vigiar atentamente qualquer mudança no desenvolvimento neurológico, comportamental ou físico do bebê.
  • Ajuste de dosagem: Se necessário, ajustar a dosagem de CBD com base na resposta terapêutica e na observação de quaisquer efeitos adversos.

 

Essas recomendações são essenciais para garantir a segurança e eficácia do uso de CBD em lactantes, minimizando riscos e maximizando os benefícios terapêuticos.

Conclusão

O uso de CBD durante a gestação e amamentação é um campo que requer investigação adicional para fornecer diretrizes claras e baseadas em evidências. Os profissionais médicos devem exercer cautela, baseando suas recomendações na avaliação individualizada dos riscos e benefícios. Até que mais dados estejam disponíveis, o princípio da precaução deve guiar a prática clínica.

Em conclusão, enquanto o potencial terapêutico do CBD é promissor, sua segurança e eficácia durante a gestação e amamentação ainda necessitam de validação científica robusta. A consulta com especialistas e o monitoramento cuidadoso são essenciais para garantir a saúde e o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê. Além disso, é fundamental que os médicos se capacitem continuamente e tenham acesso a fontes científicas qualificadas e imparciais para estarem melhor preparados ao orientar seus pacientes. Nesse sentido, plataformas como a WeCann oferecem recursos e informações atualizadas sobre o uso terapêutico do CBD, auxiliando os médicos  nos diferentes processos de tomada de decisão clínica.

Referências 

  1. Pertwee, R. G. (2008). The diverse CB1 and CB2 receptor pharmacology of three plant cannabinoids: Δ9-tetrahydrocannabinol, cannabidiol and Δ9-tetrahydrocannabivarin. British Journal of Pharmacology, 153(2), 199-215. doi:10.1038/sj.bjp.0707442.
  2. Davis E, Lee T, Weber JT, Bugden S. Cannabis use in pregnancy and breastfeeding: The pharmacist’s role. Can Pharm J (Ott). 2020 Jan 8;153(2):95-100. doi: 10.1177/1715163519893395. PMID: 32206154; PMCID: PMC7079319.
  3. Campolongo P, Trezza V, Palmery M, Trabace L, Cuomo V. Developmental exposure to cannabinoids causes subtle and enduring neurofunctional alterations. Int Rev Neurobiol. 2009;85:117-33. doi: 10.1016/S0074-7742(09)85009-5. PMID: 19607965.
  4. Babson, K. A., Sottile, J., & Morabito, D. (2017). Cannabis, Cannabinoids, and Sleep: a Review of the Literature. Current Psychiatry Reports, 19(4), 23. https://doi.org/10.1007/s11920-017-0775-9
  5. Blessing, Esther M., et al. “Cannabidiol as a potential treatment for anxiety disorders.” Neurotherapeutics 12.4 (2015): 825-836. DOI: 10.1007/s13311-015-0387-1
  6. Xiong W, Cui T, Cheng K, Yang F, Chen SR, Willenbring D, Guan Y, Pan HL, Ren K, Xu Y, Zhang L. Cannabinoids suppress inflammatory and neuropathic pain by targeting α3 glycine receptors. J Exp Med. 2012 Jun 4;209(6):1121-34. doi: 10.1084/jem.20120242. Epub 2012 May 14. PMID: 22585736; PMCID: PMC3371734.

 A exposição à cannabis durante a gestação tem sido objeto de diversos estudos recentes, os quais indicam potenciais riscos à saúde materno-fetal.

Efeitos na Saúde Fetal e Neonatal

  • Problemas Respiratórios e Mortalidade Neonatal: Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade de São Paulo (USP) conduziram um estudo em 2023 que demonstrou, em modelos animais, que a exposição a canabinoides durante a gestação aumentou a mortalidade neonatal em 29%. Além disso, foram observadas alterações no controle respiratório e na sensibilidade ao dióxido de carbono, fatores que, em humanos, podem predispor à síndrome da morte súbita infantil. citeturn0search0

  • Complicações Gestacionais: Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA) em dezembro de 2023 analisou mais de 9.000 gestantes nos Estados Unidos. Os resultados indicaram que o consumo de cannabis durante a gravidez está associado a um aumento na incidência de parto prematuro e baixo peso ao nascer. Especificamente, 26% das gestantes que usaram cannabis apresentaram algum efeito adverso, em comparação com 17% entre aquelas que não utilizaram a substância. citeturn0search1

  • Crescimento Fetal Comprometido: Pesquisas realizadas na Universidade de São Paulo (USP) em 2019 indicaram que a exposição à cannabis durante a gestação pode comprometer o crescimento e a saúde do feto. Em estudos com camundongos, observou-se que a substância pode provocar alterações na estrutura placentária, resultando em fetos menores e aumentando as chances de aborto e malformações. citeturn0search5

Percepção Materna e Necessidade de Orientação

Uma pesquisa apresentada no Congresso Clínico e Científico Anual do American College of Obstetricians and Gynecologists em maio de 2024 revelou que muitas gestantes que utilizaram cannabis não receberam orientação adequada sobre os riscos associados ao seu uso durante a gravidez. Além disso, mais da metade expressou o desejo de obter mais informações sobre os efeitos da substância nas complicações gestacionais. citeturn0search4

Considerações Finais

Embora alguns estudos, como o publicado no JAMA Network Open em novembro de 2024, sugiram que o uso de cannabis no início da gestação não está associado a atrasos no desenvolvimento infantil até os 5,5 anos de idade, a maioria das pesquisas aponta para riscos significativos relacionados ao uso de cannabis durante a gravidez. Portanto, é essencial que profissionais de saúde orientem suas pacientes sobre os potenciais perigos e desencorajem o uso de cannabis durante este período crítico.

https://wecann.academy/canabidiol-gestacao-e-amamentacao/

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