terça-feira, 17 de junho de 2025

Dia Nacional de Luta Contra a ELA: Explorando o Papel da Cannabis Medicinal no Manejo e na Esperança


Em 21 de junho, o Brasil volta sua atenção para o Dia Nacional de Luta Contra a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma data de conscientização, apoio e reflexão sobre os desafios enfrentados por pacientes, familiares e profissionais de saúde diante desta complexa doença neurodegenerativa. A ELA, também conhecida como doença de Lou Gehrig, caracteriza-se pela degeneração progressiva dos neurônios motores no cérebro e na medula espinhal, levando à perda gradual do controle muscular voluntário. Embora ainda não haja cura, a busca por terapias que melhorem a qualidade de vida e ofereçam alívio sintomático é incessante. Nesse cenário, a Cannabis Medicinal tem emergido como um campo de investigação promissor, particularmente no manejo de sintomas debilitantes associados à ELA.


A jornada de um paciente com ELA é marcada por uma série de desafios físicos e emocionais. A fraqueza muscular progressiva pode afetar a capacidade de andar, falar, engolir e, eventualmente, respirar. Sintomas como espasticidade (rigidez muscular), cãibras dolorosas, fadiga, dificuldades na fala (disartria) e deglutição (disfagia), sialorreia (produção excessiva de saliva), distúrbios do sono, ansiedade e depressão são comuns e impactam significativamente o bem-estar. O tratamento padrão atual, centrado principalmente no Riluzol, oferece um modesto aumento na sobrevida, mas seu impacto na progressão da doença é limitado, especialmente em fases mais avançadas. Terapias de suporte, como fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e suporte nutricional, são fundamentais, mas a necessidade de abordagens complementares para o controle sintomático é evidente.


É neste contexto que o sistema endocanabinoide (SEC) e a interação com fitocanabinoides ganham relevância. O SEC, como discutido anteriormente em nosso artigo sobre imunidade, é um sistema regulador endógeno crucial para a manutenção da homeostase em múltiplos sistemas fisiológicos, incluindo o sistema nervoso central. Receptores canabinoides, especialmente os CB1, são abundantemente expressos em áreas do cérebro envolvidas no controle motor, dor, humor e apetite. Além disso, tanto receptores CB1 quanto CB2 são encontrados em células da glia, que desempenham papéis importantes na neuroinflamação, um processo implicado na patogênese da ELA. A capacidade do SEC de modular a neurotransmissão (incluindo a glutamatérgica, que se acredita ser excessiva na ELA), a inflamação e o estresse oxidativo confere-lhe um potencial terapêutico teórico em doenças neurodegenerativas.


Dados pré-clínicos, principalmente em modelos animais de ELA, sugerem que a modulação do SEC pode oferecer benefícios. Estudos demonstraram que compostos canabinoides, incluindo o THC e o CBD, podem exercer efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios e neuroprotetores nesses modelos. Por exemplo, algumas pesquisas indicaram que o tratamento com canabinoides poderia retardar o início da doença, prolongar a sobrevida e melhorar a função motora em camundongos com mutações genéticas associadas à ELA familiar. Acredita-se que esses efeitos possam estar relacionados à capacidade dos canabinoides de reduzir a excitotoxicidade mediada pelo glutamato, diminuir a ativação microglial (neuroinflamação) e proteger os neurônios do estresse oxidativo.


No entanto, transpor esses achados pré-clínicos promissores para a prática clínica em humanos tem sido um desafio. A complexidade da ELA, sua heterogeneidade e a dificuldade em realizar ensaios clínicos de larga escala e longa duração em uma doença relativamente rara limitam a disponibilidade de evidências robustas. Atualmente, como apontado por fontes como o portal Cannabis & Saúde e pareceres como o da Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica (ABrELA), não existem evidências científicas conclusivas de que a Cannabis Medicinal atue como uma droga modificadora da doença em pacientes com ELA, ou seja, que ela possa efetivamente frear ou reverter a progressão da degeneração neuronal.


Apesar da ausência de comprovação como terapia modificadora da doença, o foco atual da aplicação da Cannabis Medicinal na ELA reside no seu potencial para o manejo sintomático. Muitos dos sintomas que afligem os pacientes com ELA podem, teoricamente e com base em evidências de outras condições neurológicas e relatos de caso, ser aliviados por canabinoides. A espasticidade e as cãibras dolorosas, por exemplo, são alvos potenciais, dado o conhecido efeito relaxante muscular de certos canabinoides, mediado em parte pela modulação de neurotransmissores no sistema nervoso central. A dor, seja ela neuropática ou musculoesquelética, também pode responder à terapia canabinoide, através de seus efeitos analgésicos e anti-inflamatórios.


A perda de apetite e a consequente perda de peso são problemas significativos na ELA. O THC é conhecido por seu efeito estimulante do apetite (orexígeno), o que poderia ser benéfico para alguns pacientes. Distúrbios do sono, como insônia, são frequentes e podem ser abordados com canabinoides que possuem propriedades sedativas ou ansiolíticas, como o CBD em doses adequadas ou combinações específicas com THC. A ansiedade e a depressão, comuns em pacientes que enfrentam uma doença tão grave, também podem ser alvos terapêuticos, com o CBD demonstrando potencial ansiolítico em diversos estudos. Até mesmo a sialorreia, embora menos estudada, poderia teoricamente ser influenciada pela modulação canabinoide das glândulas salivares.


É fundamental, contudo, abordar o uso da Cannabis Medicinal na ELA com cautela e sob estrita supervisão médica. A escolha do produto (proporção de CBD/THC, outros canabinoides e terpenos), a dose e a via de administração devem ser cuidadosamente individualizadas. A titulação lenta da dose é essencial para minimizar potenciais efeitos adversos, que podem incluir tontura, fadiga, boca seca ou efeitos psicoativos (principalmente com THC). Interações medicamentosas com outros fármacos utilizados pelo paciente também devem ser consideradas. O diálogo aberto entre médico, paciente e familiares é crucial para definir objetivos terapêuticos realistas, monitorar a eficácia e a segurança do tratamento e ajustar a abordagem conforme necessário.


Como ressaltado pela neurologista Christina Funatsu no artigo do Cannabis & Saúde e pelo parecer da ABrELA, embora a prescrição de Cannabis Medicinal para sintomas específicos na ELA seja uma possibilidade clínica válida, é vital gerenciar as expectativas. A esperança por melhora sintomática e qualidade de vida é legítima, mas a crença em uma cura ou reversão da doença, baseada em informações não comprovadas, pode gerar frustração e sofrimento psíquico.


Neste Dia Nacional de Luta Contra a ELA, reafirmamos a importância da pesquisa científica rigorosa para elucidar completamente o papel da Cannabis Medicinal nesta condição. Enquanto aguardamos por mais evidências, especialmente de ensaios clínicos bem controlados em humanos, o foco permanece no uso criterioso e informado para o alívio dos sintomas e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. A MedTech se compromete a apoiar a comunidade médica com informações atualizadas e produtos de qualidade, e a oferecer aos pacientes e familiares um recurso confiável para entender as complexidades e potencialidades da Cannabis Medicinal, sempre em colaboração com os profissionais de saúde.


Referências:



quarta-feira, 4 de junho de 2025

Dia da Imunização: A Intrincada Relação entre Cannabis Medicinal e o Sistema Imunológico



    No dia 9 de junho, celebramos o Dia da Imunização, uma data que nos convida a refletir sobre a importância das defesas do nosso corpo e as estratégias para fortalecê-las. O sistema imunológico é uma rede extraordinariamente complexa de células, tecidos e órgãos que trabalham em conjunto para proteger o organismo contra invasores, como vírus, bactérias e outros patógenos. Manter esse sistema em equilíbrio é fundamental para a saúde geral. Nos últimos anos, um campo de pesquisa emergente tem explorado a profunda conexão entre o sistema imunológico e outro sistema regulador vital do corpo humano: o sistema endocanabinoide (SEC).

    O sistema endocanabinoide, descoberto relativamente há pouco tempo, funciona como um maestro da homeostase, ajudando a regular uma vasta gama de funções fisiológicas, incluindo apetite, sono, humor, dor e, crucialmente, a resposta imune. Ele é composto por receptores canabinoides (principalmente CB1 e CB2), endocanabinoides (moléculas produzidas pelo próprio corpo, como a anandamida e o 2-araquidonoilglicerol ou 2-AG) e as enzimas responsáveis pela síntese e degradação desses endocanabinoides. Enquanto os receptores CB1 são abundantemente encontrados no sistema nervoso central, influenciando funções neurológicas, os receptores CB2 estão predominantemente localizados em células e tecidos associados ao sistema imunológico, como linfócitos (células T e B), macrófagos, monócitos, mastócitos, células da glia no sistema nervoso, além de órgãos como o baço e as amígdalas. Essa distribuição estratégica sugere um papel direto do SEC na modulação das defesas do corpo.

    A interação entre o SEC e o sistema imune é bidirecional e complexa. A ativação dos receptores CB2 por endocanabinoides ou por fitocanabinoides (canabinoides derivados de plantas, como os encontrados na *Cannabis sativa*) pode modular diversas funções imunes. Estudos indicam que o SEC desempenha um papel significativo na regulação da inflamação, um componente chave da resposta imune. A ativação de receptores CB2 tem sido associada à supressão da liberação de citocinas pró-inflamatórias e ao aumento da produção de citocinas anti-inflamatórias, ajudando a controlar a intensidade e a duração da resposta inflamatória. Esse mecanismo é vital, pois uma inflamação descontrolada ou crônica está na raiz de muitas doenças, incluindo condições autoimunes.

    Além da inflamação, o SEC influencia a proliferação, diferenciação e sobrevivência das células imunes. Por exemplo, a ativação de receptores CB2 pode induzir a apoptose (morte celular programada) em certos tipos de células imunes ativadas, contribuindo para a resolução da resposta imune e prevenindo ataques ao próprio corpo, como ocorre em doenças autoimunes. Pesquisas, como a revisão de Francischetti e Abreu (2006), já apontavam para a localização dos receptores CB2 em estruturas associadas à modulação do sistema imune e da hematopoiese, indicando que o estímulo dessas estruturas poderia resultar em um fenótipo imunossupressor, embora o termo mais preciso hoje seja imunomodulador, visto que os efeitos podem variar dependendo do contexto fisiológico e do tipo de estímulo.

    A Cannabis Medicinal, com seu rico perfil de fitocanabinoides como o canabidiol (CBD) e o delta-9-tetra-hidrocanabinol (THC), além de terpenos e flavonoides, interage diretamente com o SEC. O CBD, em particular, tem atraído grande interesse por suas propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras, sem os efeitos psicotrópicos associados ao THC. Estudos pré-clínicos e algumas investigações clínicas sugerem que o CBD pode ser benéfico no manejo de condições inflamatórias crônicas e doenças autoimunes, como artrite reumatoide, doença inflamatória intestinal e esclerose múltipla, justamente por sua capacidade de modular a resposta imune através de interações com o SEC e outros alvos moleculares. É importante notar que o THC também possui propriedades imunomoduladoras, mas seus efeitos podem ser mais complexos e dependentes da dose e do contexto.

    Para a comunidade médica, compreender essa intrincada relação entre a Cannabis Medicinal, o sistema endocanabinoide e a imunidade abre novas perspectivas terapêuticas. A possibilidade de modular a resposta imune de forma mais direcionada, utilizando compostos derivados da cannabis, representa uma ferramenta potencialmente valiosa no arsenal terapêutico, especialmente para condições onde a desregulação imune é um fator central. No entanto, é crucial que a prescrição seja baseada em evidências científicas sólidas, individualizada para cada paciente e acompanhada de perto por profissionais de saúde qualificados. A automedicação é fortemente desaconselhada, dada a complexidade dessas interações.

    Para os pacientes, especialmente aqueles que convivem com doenças crônicas de fundo inflamatório ou autoimune, a Cannabis Medicinal pode representar uma esperança para melhorar a qualidade de vida e o manejo dos sintomas. É fundamental buscar informações de fontes confiáveis e discutir abertamente com seus médicos sobre as potenciais aplicações e os riscos associados ao tratamento.

    Neste Dia da Imunização, enquanto celebramos os avanços na proteção contra doenças infecciosas, é igualmente importante reconhecer a complexidade da regulação imune interna e explorar novas fronteiras terapêuticas. A MedTech se dedica a fornecer produtos de Cannabis Medicinal de alta qualidade e a disseminar conhecimento científico atualizado para médicos e pacientes, contribuindo para uma abordagem mais informada e eficaz da saúde. A pesquisa sobre o sistema endocanabinoide e suas interações com o sistema imune continua a avançar, prometendo desvendar ainda mais o potencial terapêutico da Cannabis Medicinal na modulação das defesas do nosso corpo.


**Referências:**


*   Francischetti, E. A., & Abreu, V. G. (2006). O sistema endocanabinóide: nova perspectiva no controle de fatores de risco cardiometabólico. *Arquivos Brasileiros de Cardiologia*, *87*(4), e236-e243. https://doi.org/10.1590/S0066-782X2006001700023 (Acessado em https://www.scielo.br/j/abc/a/kqZfp3s75d4YwsxfPXWbv7m/)

*   Pandey, R., Mousawy, K., Nagarkatti, M., & Nagarkatti, P. (2009). Endocannabinoids and immune regulation. *Pharmacological research*, *60*(2), 85-92. (Referenciado indiretamente via https://revistatopicos.com.br/artigos/sistema-endocanabinoide-como-alvo-terapeutico-no-manejo-de-doencas-imunomediadas)

*   Oláh, A., Szekanecz, Z., & Bíró, T. (2017). Targeting Cannabinoid Receptors in the Skin and Beyond: A Potential Novel Therapeutic Approach for Immune-Mediated Inflammatory Diseases. *International journal of molecular sciences*, *18*(10), 2047. https://doi.org/10.3390/ijms18102047

*   Nichols, J. M., & Kaplan, B. L. F. (2020). Immune Responses Regulated by Cannabidiol. *Cannabis and cannabinoid research*, *5*(1), 12–31. https://doi.org/10.1089/can.2018.0073

 

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Cannabis Medicinal no Tratamento da Esclerose Múltipla: Evidências Científicas e Aplicações Clínicas



Introdução

A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica, autoimune e desmielinizante que afeta o sistema nervoso central (SNC), caracterizada por uma resposta imunológica anormal que resulta na desmielinização e degeneração axonal. Esta condição progressiva pode levar a uma ampla gama de sintomas debilitantes, incluindo espasticidade, fadiga, cãibras, dor neuropática, parestesias, tremores, distúrbios do sono, disfunção da bexiga urinária e déficits visuais, entre outros (Montagner & De Salas-Quiroga, 2023).
No contexto do Dia Mundial da Esclerose Múltipla, celebrado em 30 de maio, com o tema "Meu Diagnóstico de EM" para 2025, torna-se fundamental discutir não apenas os tratamentos convencionais, mas também as terapias complementares que podem oferecer alívio significativo aos pacientes. Entre estas, a cannabis medicinal tem emergido como uma opção terapêutica promissora, especialmente para aqueles que não respondem adequadamente às terapias convencionais.
Este artigo tem como objetivo apresentar uma revisão abrangente das evidências científicas sobre o uso da cannabis medicinal no tratamento da esclerose múltipla, discutindo seus mecanismos de ação, eficácia clínica, limitações e considerações práticas para implementação na prática médica.

Esclerose Múltipla: Fisiopatologia e Desafios Terapêuticos

Fisiopatologia e Manifestações Clínicas

A esclerose múltipla é caracterizada pela presença de placas no SNC, compostas por células inflamatórias, linfócitos, axônios desmielinizados, redução de oligodendrócitos e aumento na proliferação de astrócitos, levando à gliose. Este processo inflamatório e degenerativo, predominantemente localizado na substância branca, mas também presente na substância cinzenta, resulta em cicatrizes fibrosas no SNC (Compston & Coles, 2008).
Clinicamente, a EM pode se manifestar em diferentes formas, sendo as principais:
  1. Forma remitente-recorrente (EMRR): Caracterizada por períodos de surtos seguidos de remissões, é a forma mais comum, afetando aproximadamente 85% dos pacientes no diagnóstico inicial.
  2. Forma progressiva secundária (EMSP): Desenvolve-se em muitos pacientes com EMRR após 10-15 anos, caracterizada por progressão contínua com ou sem surtos ocasionais.
  3. Forma progressiva primária (EMPP): Caracterizada por progressão contínua dos sintomas desde o início, sem períodos de remissão claros, afeta aproximadamente 10-15% dos pacientes.
O diagnóstico da EM é baseado em critérios clínicos, ressonância magnética (RM) e análise do líquido cefalorraquidiano (LCR), que revelam a presença de lesões no SNC e marcadores inflamatórios (Thompson et al., 2018).

Abordagens Terapêuticas Convencionais e Suas Limitações

O tratamento convencional da EM é dividido em duas categorias principais:
  1. Terapias modificadoras da doença (TMDs): Visam controlar a resposta imunológica e reduzir a inflamação, particularmente durante as fases de recidiva. Incluem interferons beta, acetato de glatirâmero e anticorpos monoclonais como Ocrevus® (ocrelizumabe) e Tysabri® (natalizumabe). Embora eficazes na redução da frequência de recidivas e no retardo do acúmulo de lesões, oferecem apenas melhoria modesta da incapacidade (Hauser & Cree, 2020).
  2. Tratamentos sintomáticos: Incluem baclofeno e tizanidina para espasticidade, gabapentina e pregabalina para dor neuropática, e diversos medicamentos para fadiga, disfunção vesical e outros sintomas. Apesar de essenciais para melhorar a qualidade de vida, apresentam limitações significativas devido à toxicidade e efeitos adversos com uso prolongado (Otero-Romero et al., 2016).
Apesar dos avanços significativos no tratamento da EM nas últimas décadas, muitos pacientes continuam a experimentar sintomas debilitantes que afetam profundamente sua qualidade de vida. Além disso, os tratamentos convencionais frequentemente apresentam efeitos colaterais significativos e nem sempre são eficazes para todos os pacientes, criando uma necessidade não atendida de terapias complementares ou alternativas.

Sistema Endocanabinoide e Esclerose Múltipla

Fundamentos do Sistema Endocanabinoide

O sistema endocanabinoide (SEC) é uma rede complexa de receptores, ligantes endógenos (endocanabinoides) e enzimas que desempenham um papel crucial na regulação de diversas funções fisiológicas, incluindo a modulação da inflamação, dor, espasticidade e neuroproteção (Maccarrone et al., 2015).
Os principais componentes do SEC incluem:
  1. Receptores canabinoides: Principalmente CB1 e CB2. O receptor CB1 é predominantemente expresso nos neurônios e está associado aos efeitos psicoativos da cannabis, além de desempenhar um papel fundamental na modulação da dor e da espasticidade. O receptor CB2 é encontrado principalmente em células do sistema imunológico, onde regula respostas inflamatórias (Pertwee, 2008).
  2. Endocanabinoides: Anandamida (AEA) e 2-araquidonoilglicerol (2-AG) são os principais ligantes endógenos que ativam os receptores canabinoides.
  3. Enzimas: Responsáveis pela síntese e degradação dos endocanabinoides, incluindo a amida hidrolase de ácidos graxos (FAAH) e a lipase de monoacilglicerol (MAGL).

Alterações do Sistema Endocanabinoide na Esclerose Múltipla

Na esclerose múltipla, o sistema endocanabinoide sofre alterações significativas que podem contribuir para a patogênese da doença. Estudos têm demonstrado:
  1. Aumento da expressão de receptores CB1 e CB2 em lesões ativas de EM, sugerindo um mecanismo compensatório em resposta à inflamação (Benito et al., 2007).
  2. Alterações nos níveis de endocanabinoides no líquido cefalorraquidiano e no plasma de pacientes com EM, correlacionando-se com a atividade da doença (Centonze et al., 2007).
  3. Modificações na atividade das enzimas que metabolizam endocanabinoides, afetando a sinalização endocanabinoide (Jean-Gilles et al., 2009).
Estas alterações sugerem que o sistema endocanabinoide desempenha um papel importante na fisiopatologia da EM e representa um alvo terapêutico potencial.

Cannabis Medicinal: Composição e Mecanismos de Ação

Principais Canabinoides e Seus Efeitos

A cannabis contém mais de 100 canabinoides, sendo os principais:
  1. Tetrahidrocanabinol (THC): Principal componente psicoativo, atua como agonista parcial dos receptores CB1 e CB2. Possui propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, antiemética e relaxante muscular (Pertwee, 2008).
  2. Canabidiol (CBD): Não psicoativo, possui baixa afinidade pelos receptores CB1 e CB2, mas modula a sinalização endocanabinoide através de múltiplos mecanismos. Apresenta propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, ansiolíticas e neuroprotetoras (Devinsky et al., 2014).
  3. Outros canabinoides: Canabinol (CBN), canabicromeno (CBC), canabidivarina (CBDV), entre outros, que contribuem para o "efeito entourage" - a interação sinérgica entre os diversos componentes da planta (Russo, 2011).

Mecanismos de Ação na Esclerose Múltipla

Os canabinoides exercem múltiplos efeitos terapêuticos na EM através de diversos mecanismos:
  1. Efeitos imunomoduladores: Reduzem a produção de citocinas pró-inflamatórias, inibem a ativação de células T e microgliais, e diminuem a infiltração de células imunes no SNC (Chiurchiù et al., 2018).
  2. Efeitos neuroprotetores: Reduzem a excitotoxicidade glutamatérgica, o estresse oxidativo e a apoptose neuronal. O CBD, em particular, demonstrou propriedades antioxidantes significativas que ajudam a reduzir o estresse oxidativo e a peroxidação lipídica (Mecha et al., 2013).
  3. Modulação da espasticidade: Através da ativação dos receptores CB1 nos neurônios motores, reduzindo a liberação excessiva de neurotransmissores excitatórios (Baker et al., 2000).
  4. Efeitos analgésicos: Modulam a transmissão da dor em múltiplos níveis, incluindo medula espinhal, tronco cerebral e sistema límbico (Woodhams et al., 2015).
  5. Promoção da remielinização: Evidências pré-clínicas sugerem que os canabinoides podem promover a sobrevivência de oligodendrócitos e estimular a remielinização (Feliu et al., 2017).

Evidências Clínicas do Uso de Cannabis Medicinal na Esclerose Múltipla

Eficácia no Controle da Espasticidade

A espasticidade é um dos sintomas mais comuns e debilitantes da EM, afetando até 90% dos pacientes em algum momento da doença. Múltiplos ensaios clínicos têm avaliado a eficácia da cannabis medicinal no controle deste sintoma:
  1. Estudo CAMS (Cannabinoids in Multiple Sclerosis): Um dos maiores ensaios clínicos randomizados, envolvendo 667 pacientes, demonstrou que o THC oral reduziu significativamente a espasticidade auto-relatada em comparação com placebo (Zajicek et al., 2003).
  2. Estudos com Sativex® (nabiximols): Um spray oral contendo THC e CBD em proporções aproximadamente iguais, demonstrou eficácia significativa na redução da espasticidade resistente a tratamentos convencionais em múltiplos ensaios clínicos de fase III (Novotna et al., 2011; Collin et al., 2010).
  3. Meta-análises recentes: Confirmam a eficácia moderada dos canabinoides na redução da espasticidade auto-relatada, embora com efeitos menos pronunciados nas medidas objetivas de espasticidade (Whiting et al., 2015; Torres-Moreno et al., 2018).
É importante notar que, embora os tratamentos com cannabis não consigam reduzir significativamente os processos físicos que geram espasticidade muscular (medidas objetivas), eles são consistentemente eficazes na redução dos sintomas de espasticidade relatados pelos pacientes, melhorando sua qualidade de vida.

Manejo da Dor Neuropática

A dor neuropática afeta aproximadamente 50-70% dos pacientes com EM e frequentemente é resistente aos tratamentos convencionais. Evidências sobre o uso de canabinoides incluem:
  1. Ensaios clínicos com nabiximols: Demonstraram redução significativa da dor neuropática em pacientes com EM em comparação com placebo (Rog et al., 2005; Langford et al., 2013).
  2. Estudos com dronabinol (THC sintético): Mostraram eficácia na redução da dor central em pacientes com EM (Svendsen et al., 2004).
  3. Revisões sistemáticas: Indicam que os canabinoides são eficazes no tratamento da dor neuropática na EM, com tamanho de efeito comparável a outros analgésicos utilizados para dor neuropática (Mücke et al., 2018).

Efeitos em Outros Sintomas da EM

Além da espasticidade e dor, os canabinoides têm sido estudados para outros sintomas da EM:
  1. Disfunção vesical: Evidências de pequenos estudos clínicos sugerem que o nabiximols pode reduzir a frequência urinária e a noctúria em alguns pacientes com EM (Kavia et al., 2010).
  2. Distúrbios do sono: Canabinoides podem melhorar a qualidade do sono em pacientes com EM, tanto diretamente quanto indiretamente através do alívio de outros sintomas como dor e espasticidade (Russo et al., 2007).
  3. Fadiga: Evidências limitadas sugerem possível benefício, embora os resultados sejam inconsistentes (Kindred et al., 2017).
  4. Tremor: As evidências disponíveis sugerem que as terapias à base de cannabis não são eficazes para este sintoma (Fox et al., 2004).

Limitações das Evidências Atuais

Apesar dos resultados promissores, existem limitações importantes nas evidências disponíveis:
  1. Heterogeneidade metodológica: Variações nos produtos utilizados, dosagens, vias de administração e desfechos avaliados dificultam comparações entre estudos.
  2. Tamanho e duração dos estudos: Muitos estudos têm amostras pequenas e curta duração, limitando conclusões sobre eficácia e segurança a longo prazo.
  3. Efeito placebo significativo: Observado em muitos ensaios, possivelmente devido às expectativas dos pacientes e aos efeitos psicoativos do THC.
  4. Viés de publicação: Possibilidade de resultados negativos não publicados.

Considerações Práticas para Prescrição

Formas Farmacêuticas e Vias de Administração

Diversas formulações de cannabis medicinal estão disponíveis, cada uma com características farmacocinéticas distintas:
  1. Sprays orais (mucosa oral): Como o nabiximols, proporcionam absorção rápida e biodisponibilidade relativamente alta. Permitem titulação precisa da dose e são convenientes para uso diário.
  2. Formulações orais: Incluem cápsulas, óleos e tinturas. Apresentam início de ação mais lento (1-2 horas) e efeitos mais prolongados, mas biodisponibilidade reduzida devido ao metabolismo de primeira passagem.
  3. Inalação: Proporciona início de ação rápido (minutos) e alta biodisponibilidade, mas duração mais curta dos efeitos. Geralmente não recomendada para uso médico devido aos riscos associados à inalação.
  4. Tópicos: Utilizados principalmente para dor localizada, com absorção sistêmica mínima.

Dosagem e Titulação

A dosagem ideal varia significativamente entre pacientes devido a diferenças na farmacocinética, farmacodinâmica e tolerância. Recomenda-se:
  1. Iniciar com doses baixas: Especialmente para formulações contendo THC, para minimizar efeitos adversos.
  2. Titulação gradual: Aumentar lentamente a dose até atingir o equilíbrio entre eficácia e tolerabilidade ("start low, go slow").
  3. Monitoramento regular: Avaliar eficácia, efeitos adversos e necessidade de ajustes de dose.
  4. Considerar a proporção THC:CBD: Formulações com maior proporção de CBD tendem a ser melhor toleradas e apresentam menor risco de efeitos psicoativos.

Perfil de Segurança e Efeitos Adversos

Os canabinoides apresentam um perfil de segurança geralmente aceitável, mas com efeitos adversos que devem ser considerados:
  1. Efeitos adversos comuns: Tontura, fadiga, boca seca, náusea, alterações cognitivas transitórias e distúrbios de equilíbrio.
  2. Efeitos adversos graves (raros): Psicose, ansiedade, depressão e ideação suicida, principalmente em indivíduos predispostos.
  3. Considerações especiais:
    • Evitar em pacientes com histórico de psicose ou transtornos psiquiátricos graves
    • Usar com cautela em pacientes com doença cardiovascular
    • Potencial de interações medicamentosas, especialmente com medicamentos metabolizados pelo citocromo P450
  4. Dependência e tolerância: Risco relativamente baixo no contexto de uso médico supervisionado, mas deve ser monitorado.

Aspectos Regulatórios no Brasil

O cenário regulatório da cannabis medicinal no Brasil tem evoluído significativamente:
  1. Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 327/2019 da Anvisa: Estabeleceu procedimentos para autorização sanitária de produtos de cannabis para fins medicinais.
  2. Consulta Pública nº 1.316/2025 da Anvisa: Em andamento até junho de 2025, visa atualizar a regulamentação de produtos de cannabis para uso medicinal no Brasil.
  3. Projetos de Lei em tramitação: Visam autorizar o plantio controlado da Cannabis exclusivamente para fins medicinais.
  4. Decisões judiciais: O STJ manteve prazo para que a Anvisa ou União fixem regras para cultivo de cannabis medicinal até maio de 2025.
  5. Prescrição médica: Atualmente, médicos podem prescrever produtos à base de cannabis através de Notificação de Receita B (receita azul), com validade de 30 dias.

Implementação na Prática Clínica

Seleção de Pacientes

Nem todos os pacientes com EM são candidatos ideais para tratamento com cannabis medicinal. Considere:
  1. Sintomas-alvo: Priorizar pacientes com espasticidade e/ou dor neuropática refratárias aos tratamentos convencionais.
  2. Contraindicações: Avaliar histórico de transtornos psiquiátricos, doença cardiovascular grave, gravidez e amamentação.
  3. Fatores psicossociais: Considerar o ambiente social, ocupação e potencial impacto na qualidade de vida.
  4. Expectativas do paciente: Discutir objetivos realistas do tratamento e potenciais limitações.

Monitoramento e Acompanhamento

O acompanhamento regular é essencial para otimizar o tratamento:
  1. Avaliação basal: Documentar detalhadamente os sintomas antes do início do tratamento, utilizando escalas validadas quando disponíveis.
  2. Monitoramento periódico: Avaliar eficácia, efeitos adversos, qualidade de vida e funcionalidade.
  3. Ajustes terapêuticos: Modificar dosagem, formulação ou considerar descontinuação se benefícios não superarem riscos.
  4. Abordagem multidisciplinar: Integrar o tratamento com cannabis medicinal a outras intervenções, incluindo fisioterapia, terapia ocupacional e suporte psicológico.

Educação de Pacientes e Familiares

A educação adequada é fundamental para o sucesso terapêutico:
  1. Expectativas realistas: Esclarecer que a cannabis medicinal não é uma cura, mas pode melhorar sintomas específicos e qualidade de vida.
  2. Instruções de uso: Fornecer orientações claras sobre dosagem, administração e armazenamento.
  3. Efeitos adversos: Informar sobre possíveis efeitos adversos e quando buscar atendimento médico.
  4. Aspectos legais: Orientar sobre a legislação vigente e a importância de manter a prescrição médica atualizada.

Conclusão

A cannabis medicinal representa uma opção terapêutica promissora para pacientes com esclerose múltipla, particularmente para o manejo da espasticidade e dor neuropática refratárias aos tratamentos convencionais. As evidências científicas acumuladas nas últimas décadas suportam sua eficácia e segurança relativa, embora ainda existam limitações importantes nas evidências disponíveis.
No contexto do Dia Mundial da Esclerose Múltipla 2025, com o tema "Meu Diagnóstico de EM", é oportuno refletir sobre a importância de oferecer aos pacientes todas as opções terapêuticas disponíveis, baseadas em evidências científicas sólidas. A cannabis medicinal não deve ser vista como uma panaceia, mas como parte de uma abordagem terapêutica abrangente e individualizada.
Para os profissionais de saúde, especialmente médicos que tratam pacientes com EM, é fundamental manter-se atualizado sobre as evidências emergentes, o cenário regulatório em evolução e as melhores práticas para prescrição e monitoramento. Somente assim poderemos oferecer aos nossos pacientes o melhor cuidado possível, baseado em evidências científicas e centrado em suas necessidades individuais.

Referências Bibliográficas

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